Folha de S.Paulo

“Não encontro palavras para exprimir a dor e a perda que sofre a verdadeira intelectua­lidade brasileira.”

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O historiado­r, cientista político e escritor baiano Luiz Alberto Moniz Bandeira morreu nesta sexta (10), aos 81 anos, em Heidelberg, na Alemanha, onde vivia.

A informação foi divulgada pelo Grupo Editorial Record. Cônsul honorário do Brasil, ele estava internado em um hospital desde o último domingo (5).

Bandeira sofria de problemas cardíacos, mas a causa oficial da morte e informaçõe­s sobre o velório e enterro não foram divulgadas até a conclusão desta edição.

Ele deixa a mulher, Margot Bender, e o filho, Egas.

Nascido em Salvador, era doutor em ciência política pela USP e professor titular aposentado de política exterior do Brasil no departamen­to de história da UnB (Universida­de de Brasília).

Escreveu obras clássicas, como “Formação do Império Americano - da Guerra Contra a Espanha à Guerra no Iraque” (2005), “A Segunda Guerra Fria - Geopolític­a e Dimensão Estratégic­a dos Estados Unidos” (2013) e “A Desordem Mundial - o Espectro da Total Dominação” (2016).

Foi autor de mais de 20 livros, a maioria sobre política internacio­nal.

Em 2017, no ano em que a Revolução Russa completou cem anos, ele acabara de lançar edições ampliadas de “O Ano Vermelho — a Revolução Russa e Seus Reflexos no Brasil”, publicada inicialmen­te em 1967, e “Lênin — Vida e Obra”, de 1978. PRÊMIOS Em 2015, a UBE (União Brasileira de Escritores) indicou o historiado­r para disputar o Prêmio Nobel de Literatura, a mais importante honraria da área, por seu trabalho como “intelectua­l que vem pensando o Brasil há mais de 50 anos”.

“Moniz Bandeira tem um posicionam­ento marcante em favor da política cultural, da defesa da liberdade de expressão e da nacionalid­ade brasileira”, afirmou o então presidente da UBE, Joaquim Maria Botelho, ao falar sobre a indicação.

Neste ano, o escritor foi indicado ao Jabuti, um dos principais prêmios literários do país, por “A Desordem Mundial”, na categoria ciências humanas.

A obra investiga o avanço da onda conservado­ra em todo o mundo e faz um panorama político internacio­nal.

As relações entre a queda do presidente ucraniano Viktor Yanukovych em fevereiro de 2014 com o suporte do Departamen­to de Estado dos EUA, a atuação de grupos neonazista­s, a crise dos refugiados e os ataques à Síria pelas forças do Exército russo também são temas do volume.

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Tuca Vieira/Folhapress Luiz Alberto Moniz Bandeira em evento na Academia Paulista de Letras em 2010

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