Alckmin age para evitar prejuízo com racha
Governador considera que disputa interna pelo comando do PSDB pode causar danos a sua candidatura em 2018
Aécio critica Tasso e diz que desembarque tucano do governo se aproxima e deve ocorrer pela ‘porta da frente’
FavoritonasiglaparadisputaroPaláciodoPlanalto,ogovernador de São Paulo, GeraldoAlckmin,lançouoperações nos bastidores do PSDB para evitar que uma disputa interna coloque em risco seu próprio palanque em 2018.
Ele vinha evitando se posicionarentreoscandidatosque concorrerão ao comando do partido em dezembro.
Porém a canetada de Aécio Neves (MG) que tirou o senador Tasso Jereissati (CE) da presidência interina do PSDB alterou o cenário.
Alckmin acompanhava os embatesentreoscandidatosà presidênciadoPSDBcomaexpectativadesemanterneutro. Já se apresentaram para a disputaTassoeogovernadorMarconiPerillo(GO).Aconvenção nacional, que escolhe o novo presidente,seráemdezembro.
Alckmin queria evitar que a escolha de um nome jogue um dos campos da disputa contra seu projeto presidencial em 2018.
Apesar da tentativa de ser discreto, sua preferência por Tasso ficou clara nos bastidores do partido. Alckmin enviou seu principal emissário, o deputado tucano Silvio Torres (SP), ao gabinete do senador cearense assim que ele lançou sua candidatura ao comando do PSDB, no fim da tarde de terça-feira (7).
Lá, o comitê de campanha de Tasso começou a traçar o mapa eleitoral da disputa, na esperança de que ficasse clara desde o início uma vantagem do senador cearense nos Estados com maior peso na convenção nacional tucana.
Os aliados de Alckmin queriam usar esse provável favoritismo para convencer Perillo a sair da disputa ou, ao menos, aceitar um “revezamento”, em que Tasso comandaria o PSDB no primeiro ano — durante a campanha eleitoral— e o governador goiano ficasse com o ano seguinte.
FoiopróprioAlckminquem teve essa ideia, em uma reunião com correligionários há pouco mais de dez dias.
A hipótese de revezamento já foi invalidada por Tasso, que diz não concordar. Perillo dá sinais de que também não aceita.
De acordo com aliados de Alckmin, a crise gerada pela destituição de Tasso reduziu sua resistência em assumir a presidênciadasiglanoanode sua provável candidatura ao Planalto. A conversa que o governador teve com o ex-presidenteFernandoHenriqueCardoso na quinta-feira, horas depoisdoafastamentodeTasso, foi um dos fatores dessa mudança de avaliação.
Foi depois de receber uma sinalização positiva de Alckmin que o ex-presidente defendeu, em nota, que o governador assuma uma “posição central no partido”.
Publicamente, o governador nega a possibilidade de comandar a sigla. Na sextafeira (10), Alckmin rechaçou a hipótese, em visita ao Rio.
Alckmin, segundo tucanos de seu grupo, vai observar a disputa entre Tasso e Perillo pelos próximos 15 dias antes de tomar uma decisão. Ele vai trabalharparaaconstruçãode um acordo entre os dois, mas já indica estar disposto a se apresentar como alternativa. DESEMBARQUE O clima de divergência do partido foi levado às convenções estaduais.
Na sexta, Tasso acusou Aécio de apoiar o “fisiologismo” do governo. Em resposta, Aéciodisse,duranteaconvenção mineira, que não aceitaria essa “pecha”. “Não posso aceitar agora essa pecha que alguns querem colocar de que a presença do PSDB [no governo] é fisiológica. Ela não é”, disseosenadorsemfazermençãodiretaaoautordascríticas.
“Quando eu próprio aventei o nome do senador Tasso Jereissati para ao Ministério do Desenvolvimento Econômico isso não era visto como algo fisiológico”, rebateu.
Aécio disse que na montagem do governo Temer ele defendia que o PSDB apoiasse sem participar, mas que as indicações do partido para os ministérios ocorreram por decisão “majoritária” da sigla.
“Esse desembarque do governo, que está se aproximando, tem de ser feito de forma altiva, responsável, pela porta da frente, como sempre entramos. E não transformando isso em uma disputa artificial interna. É apequenar muito se, em uma próxima convençãodopartido,estaforaquestão central.”
Os tucanos ocupam hoje quatro ministérios.