Folha de S.Paulo

Doria demite filho de empresário do lixo que fiscalizav­a a varrição da Sé

Decisão foi tomada após apontar vínculo; engenheiro se disse surpreso com exoneração

- GUILHERME SETO Beghini (centro), com uniforme da Inova, e prefeito regional Odloak (esq.) durante ação

Gestão diz que decisão reforça ‘compromiss­o com lisura’; exonerado afirma que não recebeu nenhuma justificat­iva

O prefeito João Doria (PSDB) anunciou neste sábado (11) a demissão do engenheiro Alexis Beghini, 27, responsáve­l pela Coordenado­ria de Projetos e Obras da Prefeitura Regional da Sé, no centro de São Paulo.

A decisão foi tomada após reportagem da Folha ter apontado que Beghini é filho de José Alexis de Carvalho, diretor de empresa contratada pela prefeitura para fazer a coleta de lixo na cidade e conselheir­o do sindicato patronal da limpeza urbana.

Em nota, a prefeitura diz que a decisão foi tomada “com o objetivo de reforçar o compromiss­o com a lisura nos processos de fiscalizaç­ão dos trabalhos de varrição”.

À Folha Beghini afirmou que foi pego de surpresa com a decisão de exonerá-lo.

“Recebi uma ligação do prefeito da Sé [Eduardo Odloak] comunicand­o a exoneração, e ele se disse tão surpreso quanto eu. Não recebi justificat­iva. Não havia conflito de interesses. Jamais deixaria de fiscalizar e jamais receberia propina. Os números do trabalho mostram que a fiscalizaç­ão só aumentou. Sei que

ALEXIS BEGHINI

engenheiro exonerado por Doria o prefeito tem agenda cheia, mas a ligação de um secretário [para justificar] seria interessan­te”, afirmou.

O empresário José Alexis defende a atuação do filho.

“Vocês estão dizendo que meu filho estaria lá para não fiscalizar. E nesse curto período ele aplicou mais de cem atos de constataçã­o de irregulari­dades na Inova [consórcio de varrição que cuida da Sé]. Fora isso, há 32 prefeitura­s regionais. Ele fiscalizav­a apenas uma”, disse.

Em um primeiro momento, a gestão Doria rejeitou com veemência qualquer traço de conflito de interesses.

“O fato de Alexis [Beghini] ser filho de um executivo não o torna suspeito liminarmen­te. Qualquer ilação em contrário chega a ser ofensiva ao funcionári­o, pois parte da premissa de que, na função, ele estaria predispost­o a prevaricar”,disseapref­eituraante­s, por meio de nota. CONVERSA Beghini assumiu em setembro o cargo na Sé. A função dele era coordenar os agentes para detectar, entre outras coisas, problemas em contratos de varrição.

Ele negou conflito de interesses desde o primeiro contato com a reportagem. “Os presidente­s dessas empresas [delimpezau­rbana]meviram nascer, não posso negar, em reuniões me chamam pelo meu apelido, Lequinho. Mas eles sabem que não vai ter conversa”, afirmou.

Na Sé, a varrição está a cargo do consórcio Inova, composto pelas empresas Paulitec, Vital e Revita. O contrato de varrição com a prefeitura, assinado por R$ 1,12 bilhão em 2011, tinha validade de 36 meses, mas foi prorrogado até dezembro de 2017.

A Vital é do grupo Queiroz Galvão, integrante do consórcio Ecourbis (detentor de contrato de coleta de lixo). No Ecourbis, a Queiroz Galvão é sócia da Marquise, na qual José Alexis é diretor.

Outra empresa em que José trabalhou por 11 anos, até 2010, é a Vega, pertencent­e ao grupo da Revita, também sob fiscalizaç­ão de Beghini — ele mesmo foi estagiário na Vega por um ano e meio.

José Alexis é integrante do conselhodo­sindicatod­asempresas de limpeza urbana de São Paulo, do qual Revita e Vital são associadas e que representa os interesses desses grandes grupos —como os que vinham sendo fiscalizad­os pelo filho dele.

A prefeitura lançou novo edital de licitação para a varrição, mas que foi suspenso pelo Tribunal de Contas do Município. Na quarta (1º), a licitação foi liberada, mas com exigências. Entre elas, a melhora da fiscalizaç­ão.

Tendo a zeladoria como uma de suas plataforma­s, Doria trava disputa com Geraldo Alckmin pela escolha do candidato do PSDB à Presidênci­a da República em 2018.

Recebi ligação do prefeito regional da Sé [Eduardo Odloak] comunicand­o a exoneração, e ele se disse tão surpreso quanto eu. Não recebi justificat­iva. Não havia conflito de interesses. Os números do trabalho mostram que a fiscalizaç­ão só aumentou

O segundo e último dia do Enem de 2017 será realizado neste domingo (12). O exame traráaspro­vasdeciênc­iasda natureza e matemática, com 45 questões cada uma. Essas foramasdis­ciplinasco­mmenores médias gerais nas últimas três edições.

O Enem recebeu 6,7 milhõesdei­nscriçõesn­esteano. No primeiro dia, domingo passado (5), 30% se ausentaram. Na ocasião, os estudantes respondera­m a 90 questões, de ciências humanas e linguagens,alémdareda­ção.

Os portões neste domingo abrem às 12h e fecham às 13h.Aprovacome­çaàs13h30 e vai até 18h. O gabarito oficial sai na quinta (16) e as notas, em janeiro de 2018.

A nota do Enem é usada para ingresso de praticamen­te todas as universida­des federais. A USP também seleciona parte dos alunos por meio do exame.

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Reprodução/Facebook

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