Doria demite filho de empresário do lixo que fiscalizava a varrição da Sé
Decisão foi tomada após apontar vínculo; engenheiro se disse surpreso com exoneração
Gestão diz que decisão reforça ‘compromisso com lisura’; exonerado afirma que não recebeu nenhuma justificativa
O prefeito João Doria (PSDB) anunciou neste sábado (11) a demissão do engenheiro Alexis Beghini, 27, responsável pela Coordenadoria de Projetos e Obras da Prefeitura Regional da Sé, no centro de São Paulo.
A decisão foi tomada após reportagem da Folha ter apontado que Beghini é filho de José Alexis de Carvalho, diretor de empresa contratada pela prefeitura para fazer a coleta de lixo na cidade e conselheiro do sindicato patronal da limpeza urbana.
Em nota, a prefeitura diz que a decisão foi tomada “com o objetivo de reforçar o compromisso com a lisura nos processos de fiscalização dos trabalhos de varrição”.
À Folha Beghini afirmou que foi pego de surpresa com a decisão de exonerá-lo.
“Recebi uma ligação do prefeito da Sé [Eduardo Odloak] comunicando a exoneração, e ele se disse tão surpreso quanto eu. Não recebi justificativa. Não havia conflito de interesses. Jamais deixaria de fiscalizar e jamais receberia propina. Os números do trabalho mostram que a fiscalização só aumentou. Sei que
ALEXIS BEGHINI
engenheiro exonerado por Doria o prefeito tem agenda cheia, mas a ligação de um secretário [para justificar] seria interessante”, afirmou.
O empresário José Alexis defende a atuação do filho.
“Vocês estão dizendo que meu filho estaria lá para não fiscalizar. E nesse curto período ele aplicou mais de cem atos de constatação de irregularidades na Inova [consórcio de varrição que cuida da Sé]. Fora isso, há 32 prefeituras regionais. Ele fiscalizava apenas uma”, disse.
Em um primeiro momento, a gestão Doria rejeitou com veemência qualquer traço de conflito de interesses.
“O fato de Alexis [Beghini] ser filho de um executivo não o torna suspeito liminarmente. Qualquer ilação em contrário chega a ser ofensiva ao funcionário, pois parte da premissa de que, na função, ele estaria predisposto a prevaricar”,disseaprefeituraantes, por meio de nota. CONVERSA Beghini assumiu em setembro o cargo na Sé. A função dele era coordenar os agentes para detectar, entre outras coisas, problemas em contratos de varrição.
Ele negou conflito de interesses desde o primeiro contato com a reportagem. “Os presidentes dessas empresas [delimpezaurbana]meviram nascer, não posso negar, em reuniões me chamam pelo meu apelido, Lequinho. Mas eles sabem que não vai ter conversa”, afirmou.
Na Sé, a varrição está a cargo do consórcio Inova, composto pelas empresas Paulitec, Vital e Revita. O contrato de varrição com a prefeitura, assinado por R$ 1,12 bilhão em 2011, tinha validade de 36 meses, mas foi prorrogado até dezembro de 2017.
A Vital é do grupo Queiroz Galvão, integrante do consórcio Ecourbis (detentor de contrato de coleta de lixo). No Ecourbis, a Queiroz Galvão é sócia da Marquise, na qual José Alexis é diretor.
Outra empresa em que José trabalhou por 11 anos, até 2010, é a Vega, pertencente ao grupo da Revita, também sob fiscalização de Beghini — ele mesmo foi estagiário na Vega por um ano e meio.
José Alexis é integrante do conselhodosindicatodasempresas de limpeza urbana de São Paulo, do qual Revita e Vital são associadas e que representa os interesses desses grandes grupos —como os que vinham sendo fiscalizados pelo filho dele.
A prefeitura lançou novo edital de licitação para a varrição, mas que foi suspenso pelo Tribunal de Contas do Município. Na quarta (1º), a licitação foi liberada, mas com exigências. Entre elas, a melhora da fiscalização.
Tendo a zeladoria como uma de suas plataformas, Doria trava disputa com Geraldo Alckmin pela escolha do candidato do PSDB à Presidência da República em 2018.
“
Recebi ligação do prefeito regional da Sé [Eduardo Odloak] comunicando a exoneração, e ele se disse tão surpreso quanto eu. Não recebi justificativa. Não havia conflito de interesses. Os números do trabalho mostram que a fiscalização só aumentou
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