Folha de S.Paulo

Ilhabela propõe ‘rodízio paulistano’ contra carros em excesso no verão

Com apoio da prefeitura, Câmara deve votar projeto de lei que cria restrição experiment­al na temporada; comércio resiste

- REGINALDO PUPO

FOLHA,

Nesses feriados e finais de semana às vésperas do verão, Ilhabela já tem enfrentado um caos no trânsito que se apresenta como aperitivo do que vem por aí na próxima temporada de férias.

De dezembro a fevereiro, a cidade do litoral norte paulista deve multiplica­r por quatro sua população de 40 mil habitantes, estima a prefeitura.

Além disso, desde setembro, turistas e moradores enfrentam falta de água nos horários de pico, algo que antes era mais comum no verão. Os blecautes também são constantes nos feriados.

Mas é o trânsito que preocupa os visitantes. Só no último feriado, de Finados, ao menos 25 mil carros atravessar­am para a ilha, segundo a Dersa, empresa do governo de São Paulo responsáve­l pelas travessias litorâneas. Em dias normais, balsas transporta­m de 4.000 a 5.000 veículos.

Além da falta de vagas na rua, também é difícil achar espaçoemes­tacionamen­tosprivado­s, que custam entre R$ 15 e R$ 20 a primeira hora.

Um trecho de sete quilômetro­s do terminal de balsas ao centro histórico chega a tomar até duas horas dos motoristas em feriados —contra 15 minutos em dias normais. SEM DESCANSO “Saímos da pousada para jantar no centrinho, mas já estamos há 40 minutos paradas no trânsito. Acho que vamos comer por aqui mesmo”, queixou-se a publicitár­ia Manuela Ferreti de Almeida, 29, com duas amigas, na sextafeira (3) após o feriado.

Para o personal trainer Rodrigo Freitas, Ilhabela tem deixado de ser lugar de descanso. “Agora, o mesmo estresse pelo qual passamos em São Paulo também estamos enfrentand­o aqui na ilha.”

Só há uma avenida em Ilhabela, que liga o norte ao sul. A maior parte de seus 24,5 km de extensão não tem acostament­o. Com isso, muitos motoristas deixam seus carros sobre as calçadas.

Com o problema, a Câmara Municipal quer votar neste ano um projeto de lei que cria, de forma experiment­al, um rodízio de veículos na cidade de dezembro a fevereiro, em julho, nos finais de semana e feriados. A ideia também tem apoio da prefeitura.

Ocritérios­eráofinald­aplaca, nos moldes do que é adotado na capital paulista. Haverá audiência para discutir a ideia com os moradores. PLANEJAMEN­TO Wilson Santos, presidente da Associação Comercial e Empresaria­l em Ilhabela, resiste à ideia. Ele teme que a medida afete o turismo e defende que o município deveria projetar melhor a mobilidade urbana, do transporte terrestre e marítimo, além de cobrar que haja mais bolsões de estacionam­ento.

Segundo o prefeito Márcio Tenório (PMDB), a ideia é criar espaços para estacionam­ento do veículo que não puder circular no rodízio, caso o projeto seja aprovado pelos vereadores da cidade.

Outra medida que a Prefeitura de Ilhabela promete tirar do papel ainda nesta temporada de verão é o ônibus marítimo, com linhas que circularão pela orla e terão paradas nos píeres públicos já existentes.

Como a Folha publicou, a gestão anterior gastou uma quantia de R$ 4,1 milhões — vindos de royalties do petróleo— em três barcos-ônibus, capazes de comportar cerca de 60 pessoas sentadas.

Desde 2015, no entanto, eles estão parados, de acordo com a atual gestão, em razão de atrasos na licitação dos flutuantes onde deveriam atracar os barcos. RODRIGO FREITAS personal trainer

MANUELA DE ALMEIDA

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“O mesmo estresse de São Paulo estamos enfrentand­o aqui Saímos para jantar no centrinho, mas já estamos há 40 minutos paradas

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