Folha de S.Paulo

Filhos para Maragogi, no norte de Alagoas.

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“Não é uma coisa que dá para digerir da noite para o dia. Pra mim ela sempre foi menina. Agora ela é um menino, mas eu trato isso de maneira natural”, fala.

Valentina, a filha caçula de sete anos, foi adotada pela cantora aos dez dias de vida. Desde que a menina era muito pequena, Gretchen ditinha zia para ela que a escoano lhido no céu. “No passado, a psicóloga me disse que eu deveria começar a contar tudo”, relembra. “Eu disse: você tem outra mãe, que fez você, que mora no Pará. E ela disse: ‘Então eu sou adotada? Vou poder continuar te chameu mando de mãe e o pai de pai?’. Passou uma semana grudada comigo e falando que me amava, mas, quando viu que tudo continuava igual, ela relaxou”, diz.

Gretchen diz que, no auge da carreira, na década de 1980, chegou a vender 12 milhões de discos, tocou no garimpo e nunca teve medo de cair no esquecimen­to. “Convivi com muitos artistas da Jovem Guarda e tinha muito medo de passar o que eles passaram. Era muito amiga do Wanderley Cardoso e vi aquela coisa de não fazer mais sucesso, de beber e se jogar nas drogas porque ninguém queria mais saber dele. Eu sobrevivo tranquilam­ente sem isso [sucesso]. É uma coisa que eu sempre cuidei muito para não sentir”, diz a cantora, que cursou letras e agora pretende fazer jornalismo na França.

Perdeu a conta de quantas cirurgias plásticas já fez. “Não posso nem ver uma maca, que já vou deitando.” Diz que passou até por alguns procedimen­tos “inventados” por ela. Quando, por exemplo, se incomodou com a flacidez do braço e o médico se recusou a fazer porque a deixaria com uma cicatriz enorme, Gretchen disse para o cirurgião: “Você resolve o meu problema da pelanca, e eu resolvo a cicatriz. Tirei a pele e fiz uma tatuagem em cima”.

“Sempre fui a mesma pessoa. A Gretchen que cantou a [música] ‘Conga La Conga’, é a mesma que gravou com a Katy Perry, a mesma que a [cantora] Simony [que passou aquele dia com ela em SP] recebeu no aeroporto de jeans e tênis, mas que trocou a roupa no carro só para dar essa entrevista”, diz. “A vida é isso [não se levar a sério]. Você não envelhece, está sempre bem, tira tudo de letra. É a melhor coisa.”

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Durante show em boate gay de São Paulo Gretchen mostra as tatuagens que fez no braço para esconder as cicatrizes de uma plástica

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