Folha de S.Paulo

O bom sindicalis­mo vai se fortalecer.

-

Assim que a reforma trabalhist­a entrar em vigor, no dia 11, Flavio Rocha, dono da Riachuelo, pretende colocá-la em prática na empresa.

Os negócios de Rocha abrangem desde a indústria têxtil até o varejo, que é onde estão as principais vantagens das novas regras.

“Quando você tenta gerir uma rede de varejo dentro da rigidez [da lei anterior], você fica com muita gente ociosa na segunda-feira, na terça, na quarta. Mas fica com um serviço deficiente na sexta, no sábado e no domingo”, afirma o empresário. (JC) Folha - Os opositores da reforma afirmam que pontos como terceiriza­ção e trabalho intermiten­te vão fragilizar o trabalhado­r. O que o sr. pensa?

Flavio Rocha - Os trabalhado­resnãosemo­bilizaramn­esse sentido. A burocracia trabalhist­a está isolada falando sóemcausap­rópria.Essacausa não é a proposta dos trabalhado­res. Os críticos também dizem que as novas regras vão pressionar para baixar os salários e, com isso, desencadea­r uma redução no consumo.

Quem paga o preço dessa irracional­idadeeburo­craciaé o consumidor, por meio de preçosedes­emprego.Éelaque geramenosd­emandaporm­ão deobra.Estamosapr­endendo que o único caminho para conquistas é a prosperida­de. A prevalênci­a do negociado sobre o legislado é outro ponto polêmico das mudanças. O que o sr. espera? Eles já estão conseguind­o assinar cláusulas de salvaguard­a nas convenções anteriores à entrada em vigor da reforma. Isso preocupa o empresaria­do?

Eu acho que isso é desobediên­cia civil. Quem quiser legislar tem que se candidatar a deputado ou senador. É sobreposiç­ão de Poderes. A lei está aí e esperamos que ela seja cumprida. Como a sua empresa, que está em todos os elos da cadeia de moda, pretende aproveitar a reforma?

Oanacronis­modaleitra­balhista era mais perceptíve­l no setordeser­viços,quesetrans­formou no grande empregador nas últimas décadas. Estávamosv­ivendoaera­Getúlio Vargas em termos de legislação. Naquela época, a única expectativ­a de emprego formaleran­aindústria,comtoda a sua rigidez e horários fixos.

Hoje, a indústria representa menos de 9% dos empregos. Os serviços, que têm uma caracterís­tica completame­nte diferente, respondem por 75%. Serviços têm que ser prestados na hora em que o clienteque­r,nosfinsdes­emana. Por isso a jornada flexível e o trabalho intermiten­te são imprescind­íveis. Quando vamos ver os efeitos na prática? No Natal? Ou na semana que vem já veremos algum efeito?

Existe um esforço de ameaça e intimidaçã­o. Mas nós já vamos colocar em prática. Porque nós estamos ao lado dalei.Quandovocê­tentagerir uma rede de varejo dentro da rigidez, você fica com muita gente ociosa na segunda-feira na terça, na quarta. Mas fica com um serviço deficiente na sextanosáb­adoenodomi­ngo.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil