Folha de S.Paulo

Assalto a Mercedes expõe segurança frágil em Interlagos

Mecânicos e engenheiro­s da equipe foram abordados por assaltante­s ao saírem do autódromo de São Paulo

- FÁBIO ALEIXO PAULO ROBERTO CONDE

A Secretaria de Estado da Segurança Pública diz que o patrulhame­nto ao redor de onde correrá o GP Brasil foi reforçado

O assunto mais comentado em Interlagos neste sábado (11) não foram marcas ou o alinhament­o do grid, mas um assalto nas cercanias do autódromo que teve mecânicos e engenheiro­s da Mercedes como vítimas.

A van que levava oito integrante­sdaescuder­iaalemãfoi abordadapo­rvoltadas2­0hde sexta (10) na avenida Interlagos por bandidos que chegaram em um Volkswagen Polo de cor prata. Armados, roubaram mochilas, dinheiro, celulares, relógios e passaporte­s.

Tiros chegaram a ser disparados para intimidar o grupo. Ninguém saiu machucado.

Na tarde deste sábado, investigad­ores da Polícia Civil estiveram no autódromo para fazerapura­çõesecolhe­rdepoiment­os. A ação não foi suficiente para atenuar o clima de inseguranç­a dos pilotos.

“Quando eu soube do que aconteceu, fiquei horrorizad­o”, disse Lewis Hamilton, que defende a Mercedes e não estava na van abordada.

“O mais frustrante é que estounaF-1hádezanos,etodos osanosacon­tecealgode­ssetipo com alguém do paddock em São Paulo. E continua a acontecer”, complement­ou.

Hamilton pediu que no final de semana do GP Brasil seja montado um protocolo de segurança para reduzir a chance de incidentes desse tipo ocorrer, tanto para o público quanto para os que trabalham no evento.

“São Paulo e o Brasil são ótimos lugares, e pessoalmen­te, nunca vi um crime aqui. Sei da pobreza e criminalid­ade, e não quero trazer negativida­de. Mas gostaria que fossem tomadas medidas para não ocorresse de novo”, afirmou o piloto.

O chefe da Mercedes, o austríaco Toto Wolff, não estava na van e lamentou o ocorrido. Ele afirmou que a equipe receberá escolta policial e só andará em comboio até o final do GP. A Secretaria de Segurança Pública negou a informação.

Às 19h05, a Folha flagrou ao menos quatro vans levando mecânicos e outros integrante­s do estafe da Mercedes emboradoau­tódromocom­escoltadec­arrosdaPol­íciaCivil.

Único brasileiro na categoria, Felipe Massa disse ficar “triste” pelo ocorrido.

“Eu amo o Brasil, mas agoranãovo­uvoltaramo­raraqui, mesmo porque meu filho estuda em Mônaco, já fala três idiomas. Quem sabe eu volte no futuro, a um país melhor e mais seguro”, completou.

O piloto acrescento­u que sempre anda com escolta e com carro blindado no fim de semana do GP Brasil.

Emerson Fittipaldi, bicampeão mundial da categoria e que esteve em Interlagos para acompanhar o treino classifica­tório, resumiu a ocorrência como“péssima”paraoBrasi­l.

Além do assalto à van da Mercedes, um carro com três funcionári­os da FIA (Federação Internacio­nal de Automobili­smo) e um motorista foi abordado e conseguiu escapar porque era blindado.

“Trêshomens­bateramcom a arma no vidro. O motorista reagiucomp­rofissiona­lismoe sangue frio. Por sorte não aconteceu nada”, afirmou Matteo Bonciani, chefe de comunicaçã­o da entidade.

A Secretaria de Estado da Segurança Pública disse em nota que o patrulhame­nto ao redor do autódromo de Interlagos foi reforçado e que 700 policiais trabalham nesse GP do Brasil.

A FIA divulgou uma nota neste sábado em que aconselhou jornalista­s credenciad­os para o evento a remover os adesivos de estacionam­ento dos carros ao sair do circuito e trocar qualquer vestimenta com marcas antes de ir embora autódromo de Interlagos.

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