Assalto a Mercedes expõe segurança frágil em Interlagos
Mecânicos e engenheiros da equipe foram abordados por assaltantes ao saírem do autódromo de São Paulo
A Secretaria de Estado da Segurança Pública diz que o patrulhamento ao redor de onde correrá o GP Brasil foi reforçado
O assunto mais comentado em Interlagos neste sábado (11) não foram marcas ou o alinhamento do grid, mas um assalto nas cercanias do autódromo que teve mecânicos e engenheiros da Mercedes como vítimas.
A van que levava oito integrantesdaescuderiaalemãfoi abordadaporvoltadas20hde sexta (10) na avenida Interlagos por bandidos que chegaram em um Volkswagen Polo de cor prata. Armados, roubaram mochilas, dinheiro, celulares, relógios e passaportes.
Tiros chegaram a ser disparados para intimidar o grupo. Ninguém saiu machucado.
Na tarde deste sábado, investigadores da Polícia Civil estiveram no autódromo para fazerapuraçõesecolherdepoimentos. A ação não foi suficiente para atenuar o clima de insegurança dos pilotos.
“Quando eu soube do que aconteceu, fiquei horrorizado”, disse Lewis Hamilton, que defende a Mercedes e não estava na van abordada.
“O mais frustrante é que estounaF-1hádezanos,etodos osanosacontecealgodessetipo com alguém do paddock em São Paulo. E continua a acontecer”, complementou.
Hamilton pediu que no final de semana do GP Brasil seja montado um protocolo de segurança para reduzir a chance de incidentes desse tipo ocorrer, tanto para o público quanto para os que trabalham no evento.
“São Paulo e o Brasil são ótimos lugares, e pessoalmente, nunca vi um crime aqui. Sei da pobreza e criminalidade, e não quero trazer negatividade. Mas gostaria que fossem tomadas medidas para não ocorresse de novo”, afirmou o piloto.
O chefe da Mercedes, o austríaco Toto Wolff, não estava na van e lamentou o ocorrido. Ele afirmou que a equipe receberá escolta policial e só andará em comboio até o final do GP. A Secretaria de Segurança Pública negou a informação.
Às 19h05, a Folha flagrou ao menos quatro vans levando mecânicos e outros integrantes do estafe da Mercedes emboradoautódromocomescoltadecarrosdaPolíciaCivil.
Único brasileiro na categoria, Felipe Massa disse ficar “triste” pelo ocorrido.
“Eu amo o Brasil, mas agoranãovouvoltaramoraraqui, mesmo porque meu filho estuda em Mônaco, já fala três idiomas. Quem sabe eu volte no futuro, a um país melhor e mais seguro”, completou.
O piloto acrescentou que sempre anda com escolta e com carro blindado no fim de semana do GP Brasil.
Emerson Fittipaldi, bicampeão mundial da categoria e que esteve em Interlagos para acompanhar o treino classificatório, resumiu a ocorrência como“péssima”paraoBrasil.
Além do assalto à van da Mercedes, um carro com três funcionários da FIA (Federação Internacional de Automobilismo) e um motorista foi abordado e conseguiu escapar porque era blindado.
“Trêshomensbateramcom a arma no vidro. O motorista reagiucomprofissionalismoe sangue frio. Por sorte não aconteceu nada”, afirmou Matteo Bonciani, chefe de comunicação da entidade.
A Secretaria de Estado da Segurança Pública disse em nota que o patrulhamento ao redor do autódromo de Interlagos foi reforçado e que 700 policiais trabalham nesse GP do Brasil.
A FIA divulgou uma nota neste sábado em que aconselhou jornalistas credenciados para o evento a remover os adesivos de estacionamento dos carros ao sair do circuito e trocar qualquer vestimenta com marcas antes de ir embora autódromo de Interlagos.