Folha de S.Paulo

Prefeitura vê privatizaç­ão como prioridade

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Com o avanço do projeto de lei que trata da privatizaç­ão do autódromo de Interlagos, a promotora do GP Brasil de F-1 estuda alternativ­as para onde levar a prova depois de 2020, quando se encerra o contrato de São Paulo com a FOM (Formula One Management).

A opção número um da Interpub, empresa que realiza a corrida no país, é a cidade de Florianópo­lis (SC).

Segundo Tamas Rohonyi, presidente da companhia, já foi produzido até um projeto de traçado, que seria montado nas ruas do centro da capital, nos contornos da avenida Beira Mar Norte, tendo a ponte Hercílio Luz como cenário de fundo.

Ele também afirmou que houve reuniões entre autoridade­s do município e o ex-dono da F-1 Bernie Ecclestone.

“Como Florianópo­lis é uma cidade turística, ia conseguir trazer metade da Argentina. O fluxo de turistas argentinos, que já é grande, triplicari­a”, disse.

A Argentina recebeu um Grande Prêmio pela última vez em 1998. São Paulo tem recebido o GP Brasil desde 1990 e mobiliza até 8.000 pessoas de estafe no final de semana da disputa.

Nos últimos anos, a F-1 aumentou o número de provas disputadas em circuitos de rua, como Baku e Cingapura..

“Esse circuito é mais caro, por ter de montar e desmontar todo ano. Mas, por outro lado,temvantage­ns”,comentou Rohonyi. Entre as elas, elenca a composição visual, que seria um atrativo para a televisão, e o fácil acesso.

Além disso, um trajeto de rua dribla o fato de o Brasil terpoucaso­pçõesdeaut­ódromos de padrão internacio­nal.

O interesse em levar o GP para Santa Catarina não é novo. Em 2014, o então prefeito de Florianópo­lis, César Souza Júnior, manteve conversas com Ecclestone e chegou a dizer que havia possibilid­ade de realizar a prova em 2016 —o que não saiu do papel.

Ecclestone vendeu os direitos da F-1 para o grupo Liberty Media e não comanda mais a categoria. Porém, Rohonyi, que é muito próximo do inglês, ressuscito­u o assunto.

Mas há diferenças de estrutura entre as duas cidades. Enquanto São Paulo tem uma população estimada em 12,1 milhões, Florianópo­lis tem cerca de 485 mil.

A capital catarinens­e tem 35 mil leitos de hotel, mas há possibilid­ade de ampliar a conta com imóveis disponívei­s em plataforma­s como o AirBnb, por exemplo.

Oaeroporto­deCongonha­s, principal porta de entrada doméstica em São Paulo, é o mais movimentad­o do país. Por dia passam quase 64 mil pessoas pelo local, de acordo com a Infraero —ou 21 milhões de passageiro­s por ano.

Já o de Florianópo­lis recebe cerca de 10 mil pessoas por dia, segundo a Infraero. Após leilão neste ano, a Zurich Seguros será concession­ária do local e prevê um novo terminal para 2019, o que aumentará a capacidade de 3 milhões para 8 milhões de passageiro­s por ano.

Superinten­dente de turismo de Florianópo­lis, Vinícius de Lucca Filho afirmou que houve conversas informais com responsáve­is pela F-1 no Brasil e agora, com o aceno, é hora de estreitar relações.

Segundo ele, a montagem do circuito de rua exigiria estudo técnico, e captar recursos pode ser difícil.

“A F-1 nos levaria a um patamar diferente em termos de atrativida­de, mas esse é um assunto a ser levado com parcimônia. Não adianta prometer e depois não poder cumprir”, afirmou. (FÁBIO ALEIXO PAULO E ROBERTO CONDE)

DE SÃO PAULO

Dois dias após aprovadoem­primeiravo­tação,na quarta (8), o projeto de lei que trata da privatizaç­ão do autódromo de Interlagos foi suspenso pela Justiça na sexta (10).

Foi concedida liminar após argumentaç­ão do vereador Mario Covas Neto (PSDB). A prefeitura vai tentar derrubar o impediment­o,jáqueInter­lagosfaz parte do pacote de desestatiz­açãopromet­idopelopre­feito João Doria (PSDB).

Se a liminar cair, o projetoain­dadepender­ádeuma votação final na Câmara, sem data para ocorrer. O projeto, que prevê a alienação da área de quase 1 milhão de metros quadrados, estabelece que o autódromo terá de ser preservado.

Não há a mesma restrição para o kartódromo. O local é usado durante o GP Brasil como base de helicópter­osquefazem­atransmiss­ão da TV e transporta­m pilotos em caso de acidente ou personalid­ades.

A aprovação abrange apenas a privatizaç­ão do autódromo. Intervençõ­es mais significat­ivas dependem de outro projeto de lei, que libera a construção de torres no bairro com até oito vezes a área do lote.

Segundo a SPTuris (empresa municipal que administra o autódromo), a realização do GP injeta anualmente cerca de R$ 260 milhões na economia local.

O autódromo de Interlagos foi construído em 1938. A prefeitura o comprou doze anos depois, em 1950. (PAULO ROBERTO CONDE, FÁBIO ALEIXO E GUILHERME SETO)

 ?? Fotos Eduardo Anizelli/Folhapress ?? Marcus Ericsson em treino de classifica­ção para o GP Brasil, que terá Valtteri Bottas, da Mercedes, na pole position
Fotos Eduardo Anizelli/Folhapress Marcus Ericsson em treino de classifica­ção para o GP Brasil, que terá Valtteri Bottas, da Mercedes, na pole position

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