Precisávamos e começamos a fazer a nossa parte. Com isso, encontramos um caminho.
Folha - O São Paulo passou 14 rodadas na zona de rebaixamento. Hoje, está em situação mais confortável. Em algum momento, temeu pela queda ?
Dorival Júnior - Muito. Muito mesmo. Porque a gente ganhava uma rodada, você via o trabalho e, quando terminavam os jogos, não subíamos na tabela. A gente pedalava, mas não saía do lugar.
Quando você é envolvido pelo adversário, joga mal ou estáinferiornapartida,atésai decampoconformado.Agora, quando faz uma boa partida , tem um errinho e vê a bola parar lá dentro, arrebenta.
Nesse período, o lado emocional é o mais difícil. Como foi para tranquilizar os jogadores com a possibilidade de rebaixamento?
O que percebi é que de repente mais times se juntaram a esse grupo [de rebaixamento]. Em uma oportunidade, tínhamos13equipesbrigando contra o rebaixamento. Tentava mostrar essa situação para que não desanimassem.
Nesteperíodo,fizemosapenas um jogo muito abaixo, que foi a derrota para o Fluminense[3a1].Aícomeçamuma série de dúvidas, e você mesmo se questiona para entenderoqueestavaacontecendo.
Logo na rodada seguinte, porém, os resultados começaram a encaixar dentro do que
DORIVAL JÚNIOR,
sobre efeito do sucesso da seleção Você já conviveu com essa situação de lutar contra o rebaixamento no Fluminense, Vasco, Atlético-MG e Palmeiras. Essa experiência ajudou?
Cadatrabalhotemsuasparticularidades. Peguei várias situaçõesemqueonúmerode jogos eram menores. Mas, na maioria dos casos, cheguei com os times já montados.
Já o São Paulo se remontou durante o torneio. Foi um trabalho mais penoso, mesmo com uma quantidade maior de jogos. Quando fui contratado, estavam chegando jogadores. Pontuei se o clube estava ciente do que poderia acontecer —teríamos até o final do primeiro turno seis jogos sem pausa. Falei que isso poderiacomprometerotrabalho, já que seria avaliado de cara, sem tempo para treinar e com atletas chegando. para treinar após os cinco, seis primeiros jogos nos ajudaram a formar o time. Se não fosse isso, seria complicado. O rendimento começou a mudar. Tivemos de alterar 60% da equipe. É algo drástico,umquebra-cabeça.Encontrar a equipe ideal nessas condições é o maior desafio. O objetivo agora é deixar, um time pronto para 2018?
Nosso primeiro objetivo é atingir esses pontos que faltam [para escapar definitivamente]. Isso vamos ver só rodada a rodada.
O principal legado é uma equipe que saia com no mínimo uma base. Para que não chegue tão cru. E torcer para que mudanças [de jogadores] que possam acontecer sejam pontuais,paranãoperdermos aquilo que já foi construído. os aspectos, e foi uma surpresa positiva, principalmente pelo profissional que é. Ele impõe a forma de ser pelo exemplo. Por isso, está tão valorizado. Ele seria um jogador importante [tem contrato até julho de 2018].
A maioria das equipes na Série A investe em um futebol reativo. Como vê esse momento
Após o 7 a 1, era para a gente repensar o futebol brasileiro, principalmente a reestruturação desde CBF, federações, clubes, formação. Torcemos pelo sucesso do futebol brasileiro, pelo sucesso do Tite, que é um dos melhores profissionais do futebol mundial. Ele tem conseguido resultados brilhantes.
Masoefeitoéqueseguimos acomodados. Continuamos capengando, repetindo vícios e erros. É a mesma acomodação dos últimos 30 anos. O movimento de mudança no futeboldopaísperdeforça.Na verdade, nosso futebol continua andando para trás. E não vai mudar enquanto não houver um movimento de respeito com pessoas interessadas, com um trabalho integrado.
“
Torcemos pelo sucesso da seleção, pelo sucesso do Tite, que é um dos melhores profissionais do mundo. Mas o efeito disso é que seguimos acomodados. Continuamos capengando, repetindo vícios e erros. Nosso futebol anda para trás “são apenas arrecadadoras. Arrecadam, e muito, e dificilmente devolvem esse ganho com investimento no futebol. A CBF nem se fala. Arrecada mais e mantém o sistema. Existe uma pirâmide invertida
Como vê a participação da CBF e federações?
As federações são apenas arrecadadoras. Arrecadam, e muito, e dificilmente devolvem esse ganho com investimento no futebol. A CBF nem se fala. É um órgão que arrecada mais e mantém o sistema. Há uma pirâmide invertida e um desleixo. NA TV Vasco x São Paulo TV Globo (SP)