Folha de S.Paulo

Dilma defende perdão a quem ‘bateu panela’

Ex-presidente petista defende alianças com políticos do PMDB, como Requião e Renan

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Em viagem pela Alemanha, a ex-presidente Dilma Rousseff afirmou na segunda (13), em Berlim, que o Brasil “precisa se reencontra­r” e que o PT não deve ter espírito vingativo nas eleições. A ex-presidente disse que é hora de “perdoar a pessoa que bateu panela achando que estava salvando o Brasil, e que depois se deu conta de que não estava”. DW Brasil - Como a sra. avalia a situação do Brasil hoje?

DilmaRouss­eff- O golpe que sofri tem três fases. A primeira é meu impeachmen­t. A segunda é esse estrago que eles estão provocando no Brasil, como a emenda que congela os gastos em saúde e educação. Ou a reforma trabalhist­a, num país que há pouco saiu da escravidão, e esse processo de venda de patrimônio público. O terceiro é inviabiliz­ar o Lula e, aí, vender o pré-sal. Sobre as eleições de 2018, quais são suas expectativ­as?

Há uma maior percepção no Brasil de que o Lula está sendo perseguido. Se você olhar o desenvolvi­mento das pesquisas, vai ver que está subindo a aprovação. É a percepção do povo brasileiro de que ele foi o melhor presidente. Minha esperança seria ele voltar. Na época do impeachmen­t, eles [a mídia e os adversário­s políticos] conseguira­m colocar a rejeição a ele e ao PT lá em cima. Eles apostam que o povo é ignorante. Mas o povo vai percebendo esse grau de intolerânc­ia e de perseguiçã­o. Como a senhora vê a aproximaçã­o do PT com o PMDB?

Dificilmen­te nós faremos aliança com o PMDB em nível nacional. Mas você vai falar que não pode fazer aliança com o [senador Roberto] Requião? O Requião é do PMDB, e uma pessoa que combateu o golpe. Você não vai fazer uma aliança com a Kátia Abreu? Ela foi outra que combateu o golpe. E figuras como o senador Renan Calheiros? O voto final dele foi pelo impeachmen­t.

Mas ele não trabalhou pelo impeachmen­t. E essa não é questão relevante. Não acho que perdoar golpista é perdoar o PMDB e o PSDB. Acho que perdoar golpista é perdoar aquela pessoa que bateu panela achando que estava salvando o Brasil, e que depois se deu conta de que não estava.

Uma hora nós vamos ter que nos reencontra­r. Uma parte do Brasil se equivocou. Agora isso não significa perdão àqueles que planejaram e executaram o golpe. Você tem uma porção de pessoas que foram às ruas e que estavam completame­nte equivocada­s. Mas você não vai chegar para elas e falar ‘nós vamos te perseguir’. Precisamos criar um clima de reencontro, entende?

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Omar de Oliveira/Fotoarena/Agência O Globo

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