Folha de S.Paulo

Conhecido pelos apertos de mão longos e vigorosos com outros líderes mundiais, Trump se atrapalhou nesta segunda

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DE SÃO PAULO

O presidente americano, Donald Trump, disse nesta segunda-feira (13) que tem um “ótimo relacionam­ento” com o líder filipino, Rodrigo Duterte, após um encontro em que só houve breves menções à situação dos direitos humanos no país do segundo.

A reunião ocorreu na capital filipina, Manila, durante a cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean). Grupos de defesa dos direitos humanos pressionam Trump a ser mais rígido com Duterte, artífice de uma violenta cruzada antidrogas que já levou à execução de milhares de pessoas.

“Somos seu aliado, um aliado importante”, disse Duterte ao republican­o no início da reunião. Ao que Trump respondeu: “Temos tido um ótimo relacionam­ento. Ele tem sido muito bem-sucedido”.

Mais tarde, um porta-voz do governo filipino disse que a pauta da conversa não tinha incluído os direitos humanos, mas a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, afirmou que o tema fora, sim, tratado, ainda que rapidament­e.

“A conversa se concentrou no Estado Islâmico, nas drogas ilegais e no comércio. Os direitos humanos vieram à tona no contexto da luta das Filipinas contra as drogas ilegais”, afirmou ela.

Na semana passada, Duterte havia dito que mandaria o presidente dos EUA “ficar na sua” se ele abordasse acusações de violações de direitos humanos.

Duterte já foi chamado de “Trump do Oriente” por seu estilo e linguagem ríspidos.

Mais de 3.900 pessoas já morreram na guerra às drogas lançada por Duterte ao tomar posse, em 2016. Seu governo afirma que a polícia age em legítima defesa, mas críticos denunciam execuções ilegais.

Os EUA e as Filipinas, excolônia norte-americana, são aliados estratégic­os desde a Segunda Guerra (1939-45), mas a relação ficou tensa após a eleição de Duterte, pois ele havia defendido uma aproximaçã­o de adversário­s americanos, como Rússia e China. GAFE na sessão de cumpriment­os da cúpula asiática.

O mestre de cerimônias pediu que os líderes reunidos para a foto oficial do evento fizessem o “aperto de mão da Asean”, para o qual eles devem ficar perfilados e se cumpriment­ar com a mão invertida —ou seja, usar a direita para cumpriment­ar a pessoa à esquerda, e viceversa—, de modo que os braços se cruzem.

A saudação é uma tradição nos encontros do grupo.

Trump, porém, de início não entendeu as instruções e simplesmen­te cruzou as mãos na frente do corpo.

Ao perceber o erro, o americano apenas apertou protocolar­mente a mão dos dois colegas que estavam a seu lado —Duterte e Nguyen Xuan Phuc, premiê do Vietnã.

Ele então olhou para os lados e fez o movimento correto, com os braços invertidos. Como é mais alto que Duterte e Nguyen, só conseguiu alcançar os dedos dos colegas.

Apesar da gafe, o americano sorriu e manteve o cumpriment­o de maneira prolongada, como é sua marca.

 ?? Bullit Marquez/AP ?? Com caricatura­s de Trump e Duterte, manifestan­tes protestam em Manila contra visita do presidente americano às Filipinas
Bullit Marquez/AP Com caricatura­s de Trump e Duterte, manifestan­tes protestam em Manila contra visita do presidente americano às Filipinas

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