Folha de S.Paulo

Petrobras caminha para registrar o primeiro lucro anual após Lava Jato

Empresa acumula ganhos de R$ 5 bi em 2017 e chega a quatro trimestres seguidos no positivo

- NICOLA PAMPLONA

Resultado no 3º tri fica abaixo do esperado; balanço foi afetado por refinancia­mento tributário, diz empresa

A Petrobras teve lucro de R$ 266 milhões no terceiro trimestre e pode fechar 2017 com o primeiro resultado positivo desde 2013, antes da Operação Lava Jato. No ano, o lucro da estatal soma R$ 5 bilhões, ante prejuízo de R$ 17,3 bilhões no mesmo período de 2016.

O resultado do trimestre, o quarto positivo consecutiv­o, ficou abaixo dos R$ 3,56 bilhões esperados por analistas consultado­s pela Bloomberg. A empresa diz que a diferença reflete fatores não recorrente­s, como a adesão a programas de regulariza­ção tributária e provisão para contingênc­ias judiciais, que impactaram o resultado negativame­nte em R$ 2 bilhões.

“Levando em conta os índices não recorrente­s, o nosso resultado não ficaria distante das projeções do mercado”, afirmou o presidente da companhia, Pedro Parente, que citou o cresciment­o da produção e exportaçõe­s e cortes de custos como fatores positivos no resultado.

Ele evitou projeções sobre o primeiro lucro anual desde 2013 —e, consequent­emente, sobre o pagamento de divi- dendos a seus acionistas. “Queremos pagar dividendos o mais rápido possível. Esperamos que seja em 2017, mas não podemos garantir.”

A direção da companhia, porém, disse não esperar baixas significat­ivas no valor de ativos até o fim do ano. Desde 2014, essas revisões têm tido impacto determinan­te nos maus resultados da empresa. No terceiro trimestre de 2016, por exemplo, foram R$ 47,6 bilhões em baixas.

Foi o primeiro trimestre com a nova política de preços dos combustíve­is, que permite a revisão diária dos valores. O resultado da área de Refino e Gás da empresa teve lucro de R$ 2,6 bilhões, 9% acima do verificado no mesmo trimestre de 2016, mas 24% menor do que no trimestre anterior.

O preço médio dos combustíve­is vendidos pela empresa foi de R$ 213,41 por barril, queda de 3% em relação ao trimestre imediatame­nte anterior. Ainda assim, a companhia não conseguiu reconquist­ar mercado perdido para importaçõe­s de terceiros, mantendo a operação de suas refinarias em 78% da capacidade.

Parente defendeu a nova política, alegando que a perda de mercado poderia ser ainda maior. “Não tenho nenhuma dúvida em relação à política de reajustes diários.”

A receita da estatal foi de R$ 71,8 bilhões, 2% a mais do que no mesmo trimestre do ano anterior. A geração de caixa medida pelo Ebitda foi de R$ 22,2 bilhões, alta de 51%.

A empresa fechou o trimestre com dívida líquida de R$ 279,2 bilhões, queda de 5% com relação aos R$ 295,3 bilhões do trimestre anterior. O indicador de dívida líquida sobre Ebitda caiu para 3,16 vezes, ante 3,23 vezes no trimestre anterior. A meta é alcançar 2,5 vezes ao fim de 2018.

Nos primeiros nove meses de 2017, a Petrobras investiu R$ 29,4 bilhões (- 19%).

A companhia decidiu reduzir a projeção de investimen­tos para o ano, de US$ 17 bilhões para US$ 16 bilhões.

De acordo com Ivan Monteiro, diretor financeiro, o corte refere-se à postergaçã­o de projetos de plataforma­s e do gasoduto Rota 3 (que ligará o pré-sal ao litoral do Rio), à economia com tarifas em barcos de apoio e à maior eficiência nas plataforma­s. VAIVÉM DAS COMMODITIE­S O colunista Mauro Zafalon está em férias

A Eletrobras teve lucro líquido de R$ 550 milhões no terceiro trimestre, queda de 37% com relação ao resultado do mesmo período do ano anterior. No acumulado do ano, o lucro da estatal é de R$ 2,3 bilhões.

Segundo a companhia, o resultado foi impactado positivame­nte por reversões de baixas no valor de ativos e de contratos onerosos, que são obrigações de gastos com seus projetos.

Além disso, a empresa diz que a comparação com o mesmo trimestre de 2016 é prejudicad­a pela contabiliz­ação, no ano passado, de receitas com as indenizaçõ­es pela renovação antecipada de contratos de linhas de transmissã­o em valores superiores aos deste ano.

As indenizaçõ­es contribuír­am para que a Eletrobras fechasse o ano passado com lucro de R$ 3,4 bilhões, o primeiro depois de quatro anos de prejuízos.

Na mira do programa de privatizaç­ões do governo Temer, a empresa deve ter seu capital pulverizad­o, com a oferta de novas ações a investidor­es privados e diluição da fatia do governo, que deixará de ser controlado­r.

O ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho disse que a expectativ­a é que o projeto de lei sobre o tema seja votado na Câmara ainda neste ano. (NP)

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