Petrobras caminha para registrar o primeiro lucro anual após Lava Jato
Empresa acumula ganhos de R$ 5 bi em 2017 e chega a quatro trimestres seguidos no positivo
Resultado no 3º tri fica abaixo do esperado; balanço foi afetado por refinanciamento tributário, diz empresa
A Petrobras teve lucro de R$ 266 milhões no terceiro trimestre e pode fechar 2017 com o primeiro resultado positivo desde 2013, antes da Operação Lava Jato. No ano, o lucro da estatal soma R$ 5 bilhões, ante prejuízo de R$ 17,3 bilhões no mesmo período de 2016.
O resultado do trimestre, o quarto positivo consecutivo, ficou abaixo dos R$ 3,56 bilhões esperados por analistas consultados pela Bloomberg. A empresa diz que a diferença reflete fatores não recorrentes, como a adesão a programas de regularização tributária e provisão para contingências judiciais, que impactaram o resultado negativamente em R$ 2 bilhões.
“Levando em conta os índices não recorrentes, o nosso resultado não ficaria distante das projeções do mercado”, afirmou o presidente da companhia, Pedro Parente, que citou o crescimento da produção e exportações e cortes de custos como fatores positivos no resultado.
Ele evitou projeções sobre o primeiro lucro anual desde 2013 —e, consequentemente, sobre o pagamento de divi- dendos a seus acionistas. “Queremos pagar dividendos o mais rápido possível. Esperamos que seja em 2017, mas não podemos garantir.”
A direção da companhia, porém, disse não esperar baixas significativas no valor de ativos até o fim do ano. Desde 2014, essas revisões têm tido impacto determinante nos maus resultados da empresa. No terceiro trimestre de 2016, por exemplo, foram R$ 47,6 bilhões em baixas.
Foi o primeiro trimestre com a nova política de preços dos combustíveis, que permite a revisão diária dos valores. O resultado da área de Refino e Gás da empresa teve lucro de R$ 2,6 bilhões, 9% acima do verificado no mesmo trimestre de 2016, mas 24% menor do que no trimestre anterior.
O preço médio dos combustíveis vendidos pela empresa foi de R$ 213,41 por barril, queda de 3% em relação ao trimestre imediatamente anterior. Ainda assim, a companhia não conseguiu reconquistar mercado perdido para importações de terceiros, mantendo a operação de suas refinarias em 78% da capacidade.
Parente defendeu a nova política, alegando que a perda de mercado poderia ser ainda maior. “Não tenho nenhuma dúvida em relação à política de reajustes diários.”
A receita da estatal foi de R$ 71,8 bilhões, 2% a mais do que no mesmo trimestre do ano anterior. A geração de caixa medida pelo Ebitda foi de R$ 22,2 bilhões, alta de 51%.
A empresa fechou o trimestre com dívida líquida de R$ 279,2 bilhões, queda de 5% com relação aos R$ 295,3 bilhões do trimestre anterior. O indicador de dívida líquida sobre Ebitda caiu para 3,16 vezes, ante 3,23 vezes no trimestre anterior. A meta é alcançar 2,5 vezes ao fim de 2018.
Nos primeiros nove meses de 2017, a Petrobras investiu R$ 29,4 bilhões (- 19%).
A companhia decidiu reduzir a projeção de investimentos para o ano, de US$ 17 bilhões para US$ 16 bilhões.
De acordo com Ivan Monteiro, diretor financeiro, o corte refere-se à postergação de projetos de plataformas e do gasoduto Rota 3 (que ligará o pré-sal ao litoral do Rio), à economia com tarifas em barcos de apoio e à maior eficiência nas plataformas. VAIVÉM DAS COMMODITIES O colunista Mauro Zafalon está em férias
A Eletrobras teve lucro líquido de R$ 550 milhões no terceiro trimestre, queda de 37% com relação ao resultado do mesmo período do ano anterior. No acumulado do ano, o lucro da estatal é de R$ 2,3 bilhões.
Segundo a companhia, o resultado foi impactado positivamente por reversões de baixas no valor de ativos e de contratos onerosos, que são obrigações de gastos com seus projetos.
Além disso, a empresa diz que a comparação com o mesmo trimestre de 2016 é prejudicada pela contabilização, no ano passado, de receitas com as indenizações pela renovação antecipada de contratos de linhas de transmissão em valores superiores aos deste ano.
As indenizações contribuíram para que a Eletrobras fechasse o ano passado com lucro de R$ 3,4 bilhões, o primeiro depois de quatro anos de prejuízos.
Na mira do programa de privatizações do governo Temer, a empresa deve ter seu capital pulverizado, com a oferta de novas ações a investidores privados e diluição da fatia do governo, que deixará de ser controlador.
O ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho disse que a expectativa é que o projeto de lei sobre o tema seja votado na Câmara ainda neste ano. (NP)