Folha de S.Paulo

A MORTE DE BRUNA

Nascida em família de classe média, jovem se envolve com drogas, sai de casa, larga a faculdade e acaba assassinad­a em uma chacina em SP

- Ira r e a nt a Cemitério do Horto Florestal av. Cel. Sezefredo r. Maria Fagundes Amália Lopes Azevedo Academia de PM do Barro Branco

Ela visitava a família com frequência e teve apoio para se livrar do vício nas cinco internaçõe­s pelas quais passou.

Apesar de alternar temporadas de rotina caseira no endereço do namorado com a rotina nas ruas —chegou a ficar 17 dias sem aparecer—, ela era próxima dos pais. Mostrava preocupaçã­o e fazia questão de estar por perto.

O afeto era dedicado também à mãe do namorado, a quem chamava de “mainha”, e não desgrudava do vira-lata da sogra. Sua cachorra de estimação havia morrido há pouco, e Bruna buscava suprir a falta que sentia do bicho.

Na noite em que saiu para encontrar os amigos na rua de baixo, como costumava fazer, Bruna estava feliz.

Mais tarde, de madrugada, insistiu com o namorado para dar uma volta, mas, como estava cansado, ele preferiu ficar em casa dormindo.

Bruna então passou pelas vielas próximas à favela colada ao Cemitério do Horto Florestal e parou para conversar com conhecidos na calçada.

Fazia cerca de meia hora que Bruna havia saído de casa, quando um carro branco passou pela rua. De acordo com testemunha­s, o mesmo veículo voltou algum tempo depois, e desconheci­dos atiraram contra o grupo.

Bruna foi atingida por três tiros, e o fatal acertou sua mandíbula esquerda. Outros três homens foram mortos, todos moradores da favela. Apenas um tinha passagem na polícia, acusado de roubo, segundo a Polícia Civil.

Ao ouvir os tiros, seu namorado ainda correu para constatar que Bruna não estava entre as vítimas, mas se desesperou ao vê-la sem vida na calçada da rua Gabriel Martins.

O endereço no alto de um morro, segundo descrito no registro policial, é conhecido por abrigar um ponto de venda de drogas. Porém, nenhuma substância proibida foi encontrada no local do crime.

A Polícia Civil investiga a Local da chacina chacina. No local, foram encontrado­s dois estojos de munição de calibre .40, o mesmo usado por forças policiais. Esse tipo de arma não pode ser comprado pela população, mas é utilizado pela polícia de São Paulo e pode ser adquirido por colecionad­ores e algumas categorias profission­ais. MÁS COMPANHIAS Os primeiros contatos com as drogas teriam ocorrido durante o ensino médio, concluído no colégio particular Marista Arquidioce­sano, na Vila Mariana, na zona oeste.

Era usuária de cocaína e crack e relatou sua escalada no vício em uma carta que escreveu pouco tempo atrás para a filha da vizinha Marlene.

Preocupada com o comportame­nto rebelde da filha, ela pediu a Bruna que contasse sua experiênci­a com as drogas para evitar que a garota seguisse o mesmo caminho.

Marlene lembra que se emocionou com o capricho com que Bruna se dedicou à carta. Ela relatou que a dependênci­a se agravou aos poucos e alertou sobre a tática à qual sucumbiu: 1) acesso fácil a drogas de graça; 2) vício consolidad­o, e o custo das drogas, agora pagas; 3) dívida quase impossível de ser paga.

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Mario Angelo - 9.nov.2017/Sigmapress/Folhapress Policiais na cena da chacina na zona norte de SP onde morreu Bruna Calderari, 35
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JARDIM DAYSY TREMEMBÉ 250 m

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