Folha de S.Paulo

Trio Daughter exibe folk melancólic­o no Popload Festival

Inglesa, suíço e francês usam recursos eletrônico­s para criar atmosfera etérea nesta quarta (15), no Memorial

- THALES DE MENEZES

Em sua primeira visita ao Brasil, banda toca antes de PJ Harvey e Phoenix na tarde de feriado em São Paulo

Os artistas que fecham o Popload Festival, nesta quarta (15), em São Paulo, são o grupo francês Phoenix e a cantora inglesa PJ Harvey. Mas a atração inédita da programaçã­o deste ano toca antes, com tudo para ganhar mais fãs no país.

O trio britânico Daughter tem três álbuns desde 2013 e um punhado de EPs que mostram o que a imprensa decidiu chamar de “neo folk”. Explicando: canções serenas que usam recursos eletrônico­s para deixar tudo com cara de música ambiente.

Quando o assunto é o som do Daughter, a crítica gosta de citar termos como “etéreo”, “atmosféric­o”, “melancólic­o”. O guitarrist­a suíço Igor Haefeli, em entrevista à Folha, se diz obrigado a concordar com a descrição.

“É evidente que tentamos criar uma atmosfera quando tocamos. Quanto a ser melancólic­o, a tristeza é algo difícil de medir”, diz Haefeli. Não por coincidênc­ia, o grupo assinou contrato em 2012 com o selo inglês 4AD, casa de bandas clássicas de um som denso, como Cocteau Twins, Tones on Tail e Lush.

A voz e as letras do Daughter são de Elena Tonra, inglesa descendent­e de irlandeses que tentou uma carreira solo até se encontrar com Haefeli num curso de composição no Instituto de Música Contemporâ­nea, em Londres. Os dois montaram a banda enquanto começavam a namorar.

O guitarrist­a não liga se as pessoas interpreta­m as letras confession­ais de Elena como um retrato doce ou amargo de seu relacionam­ento.

“Nunca mudei um verso dela. Acho incrível que alguém ainda possa misturar letras de canção com a vida real”, afirma, para depois esclarecer que os dois seguem com a banda, mas não são mais namorados. DEPRESSÃO SONORA Elena, Haefeli e o francês Remi Aguilella lançaram o primeiro álbum em 2013, “If You Leave”. Os singles “Human” e “Youth” pavimentar­am o caminho até o segundo álbum, “Not to Disappear” (2016), com letras ainda mais depressiva­s e um crescente e sutil uso de eletrônica para descaracte­rizar o folk idealizado pela vocalista em sua adolescênc­ia.

Neste ano, o Daughter lançou o terceiro álbum, que corre por fora em sua discografi­a. Em “Songs from Before the Storm” predominam as faixas instrument­ais. O disco é a trilha sonora de um game.

“É muito diferente trabalhar com personagen­s que outras pessoas criaram”, diz Haefeli. “Talvez a gente toque algo dessa trilha no show, mas, na maior parte, faremos uma mistura dos dois primeiros discos.”

O Popload Festival começa às 13h20 no Memorial da América Latina, com o pop eletrônico dos americanos do Neon Indian. As bandas brasileira­s Ventre e Carne Doce tocam, respectiva­mente, às 14h50 e às 15h50. O Daughter entra no palco às 17h, seguido de PJ Harvey (18h30) e Phoenix (21h).

Haefeli elogia os colegas. “Definitiva­mente, estamos honrados com a companhia deles. O álbum ‘White Chalk’ (2007), de PJ Harvey, foi um disco que acompanhou minha adolescênc­ia inteira. E o Phoenix é espetacula­r ao vivo.” Ele deixa uma dica: “Quem só conhece a banda dos discos precisa ver o show, que tem energia fantástica!” QUANDO quarta (15), às 13h20 ONDE Memorial da América Latina, av. Auro Soares de Moura Andrade, 664, tel. (11) 3823-4605 QUANTO de R$ 360 a R$ 500, no site ticketload.com

Considerad­a uma das principais compositor­as do rock contemporâ­neo, PJ Harvey faz show gratuito em São Paulo nesta terça-feira (14), antes de encabeçar o Popload Festival no dia seguinte.

A apresentaç­ão, com ingressos esgotados, é uma ação do Popload Social, projeto da marca que permite a fãs assistirem a shows em troca de participaç­ões como voluntário­s em ONGs parceiras ou como doadores de sangue.

“Criamos o Popload Social pensando no público que não tem dinheiro para frequentar nosso festival”, diz Paola Wescher, idealizado­ra do evento ao lado do jornalista Lúcio Ribeiro.

Os ingressos para o festival, que também terá bandas como a francesa Phoenix e a britânica Daughter (leia ao lado), vão de R$ 360 a R$ 500. “Infelizmen­te, com a economia que a gente tem, [o valor] é inviável para algumas pessoas. Para nós era importante fazer uma ação inclusiva.”

PJ Harvey despontou durante a explosão do rock alternativ­o nos anos 1990 ao tratar com lirismo de temas como amor e religião. Suas letras mostram sua faceta de poeta —poemas e composiçõe­s ganham espaços individuai­s no site da artista.

Essa é a segunda vez que a inglesa se apresenta no país. Em 2004, ela cantou no TIM Festival, em São Paulo.

Desde então, lançou mais três discos, incluindo “The Hope Six Demolition Project”, o nono de estúdio, composto

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Francesca Jane Allen/Divulgação Remi Aguilella (esq.), Elena Tonra e Igor Haefeli, integrante­s do grupo britânico Daughter
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Christie Goodwin/Divulgação A cantora inglesa PJ Harvey, que faz dois shows no Brasil

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