Do Marfim na próxima semana para debater migração e tráfico de pessoas.
O Conselho de Segurança da ONU aprovou nesta terça (21) resolução exortando todos os países a intensificarem o combate ao tráfico de pessoas e ao trabalho escravo.
A resolução vem na esteira de vídeo divulgado pela rede de TV CNN, mostrando a aparente venda de migrantes africanos na Líbia. O vídeo desencadeou uma onda de protestos diante de embaixadas e nas redes sociais.
A resolução pede a adoção de leis mais duras de combate ao tráfico, a intensificação de investigações para desbaratar as redes de tráfico e uma maior oferta de apoio aos sobreviventes de escravidão.
“Evitar as situações que levam ao tráfico significa tratar de pobreza e exclusão”, disse Antonio Guterres, secretário-geral da ONU. “Nos últimos dias, todos ficamos horrorizados com imagens de migrantes africanos vendidos como produtos na Líbia; é nossa responsabilidade coletiva acabar com esse crime.”
O vídeo veiculado pela CNN mostra dois homens de pé enquanto outro anuncia lances, e, aparentemente, vende os jovens, descritos como “meninos grandes e fortes para trabalhar na roça”, por US$ 400 (R$ 1.300) cada.
Após a divulgação do vídeo, artistas, esportistas e autoridades lançaram apelos para o combate à escravidão, e houve manifestações diante de embaixadas da Líbia na Europa e na África.
O governo de Burkina Fasso chamou para consultas seu embaixador na Líbia.
A resolução da ONU pede ainda mais cooperação entre países e o uso de tecnologia para enfrentar essa atividade criminosa, que gera cerca de US$ 150 bilhões por ano.
De acordo com relatório divulgado em setembro pela Organização Internacional para Migração (OIM) e pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), há 25 milhões de pessoas no mundo submetidas a trabalho forçado, sendo 16 milhões no setor privado e o restante, obrigadas pelo Estado a trabalhar.
Segundo o levantamento, 59% são mulheres e 19% têm menos de 17 anos. Em média, essas pessoas ficam 20,5 meses cativas antes de conseguirem fugir ou ser libertadas.
Líderes africanos e europeus vão se reunir na Costa MIGRANTES A Europa fechou acordo em fevereiro com a Líbia para estancar o fluxo de refugiados, mas não abordou o problema do trabalho escravo.
O número de migrantes chegando à Itália caiu 20% — foram 132.043 entre janeiro e setembro de 2016, e 105.418 no mesmo período deste ano. Como consequência, aumentou o total de migrantes que ficam na Líbia, o que atrai ainda mais traficantes de pessoas. Muitos deles estariam “vendendo” os migrantes.
A reportagem da Folha esteve na Líbia em julho de 2016 e testemunhou as condições precárias dos centros de detenção de migrantes e as multidões de africanos oferecendo seus serviços em praças.
São jovens que se aglomeram nas rotatórias, esperando que os contratem para um dia de trabalho. Cada um leva seu instrumento para identificar o serviço que oferece —demolidores com martelos, pintores com rolos.
Após a derrubada do ditador Muammar Gaddafi, em 2011, o país viveu uma breve paz antes de mergulhar no caos. Hoje, tem três governos, guerra civil, fronteiras sem fiscalização e impunidade para os traficantes de pessoas.
Para completar, a Líbia está cercada por nações da África subsaariana com massas de jovens subempregados, ávidos pela oportunidade de emigrar para a Europa.
Estima-se que haja cerca de 1 milhão de imigrantes ilegais na Líbia, juntando dinheiro para enviar a suas famílias ou para pagar de US$ 1.000 a US$ 2.000 a um atravessador que os ponha em um barco para a Itália.
Funcionários da OIM documentaram o surgimento de mercados de escravos, onde migrantes detidos por traficantes de pessoas são vendidos a não ser que suas famílias paguem resgate.
“Várias pessoas me relataram essas histórias horríveis. Eles confirmam o risco de serem vendidos como escravos em garagens em Sabha pelos motoristas ou por líbios que recrutam os migrantes para um dia de trabalho, frequentemente na construção. No fim do dia, em vez de pagar o migrante por seu trabalho, eles o vendem”, relatou um funcionário da OIM no Niger.
Um atentado suicida a bomba matou ao menos 50 pessoas em uma mesquita no nordeste da Nigéria nesta terça-feira (21), em uma área que enfrenta a ameaça da milícia terrorista islâmica Boko Haram. O autor seria um adolescente, segundo a polícia local.
O ataque ocorreu na cidade de Mubi, no Estado de Adamawa, que já foi controlado pelo Boko Haram, expulso da região em 2015.
O ataque desta terça-feira é o maior na Nigéria desde que 56 pessoas foram mortas em dezembro de 2016 por duas garotas-bomba suicidas em uma feira.
O grupo costuma ter como alvo locais com grande concentração de pessoas, como mesquitas e feiras. É costume também usar adolescentes ou jovens mulheres como autoras dos ataques suicidas, algumas das quais são previamente sequestradas.
A campanha do Boko Haram já matou cerca de 20 mil pessoas desde 2009.
Nos últimos meses, os avanços do governo nigeriano contra a milícia, como a recaptura de territórios e a conquista de bastiões dos extremistas, começaram a perder ímpeto.
Agentes dos serviços de inteligência ocidentais dizem que os militantes estão recapturando territórios que haviam perdido.
Os Estados Unidos preparam a venda de US$ 500 milhões em aviões de ataque e outros equipamentos militares para a Nigéria, a fim de ajudar na luta contra os extremistas.
A situação humanitária na região é grave, com quase 2 milhões de refugiados espalhados por quatro países, em função do conflito contra o Boko Haram, alguns dos quais sem nenhum meio de subsistência. SOMÁLIA Também na terça, os EUA realizaram um ataque aéreo na Somália contra o grupo Al Shabaab, vinculado à rede Al Qaeda, matando mais de cem extremistas islâmicos, informou o comando americano para a África.
O bombardeio ocorreu a cerca de 200 km da capital somali, Mogadício.
Os EUA intensificaram suas operações militares na Somália nos últimos meses, com um crescente número de ataques de drones contra o Al Shabaab e outros grupos jihadistas.
O frágil governo central somali combate os extremistas com o apoio da comunidade internacional e de 22 mil homens da Força da União Africana.