Reconceituando o branding
EM TEMPOS de Copa do Mundo, o Brasil tem 207 milhões de técnicos de futebol, e em tempos de eleição o Brasil tem 207 milhões de marqueteiros. O ano de 2018 nem começou, mas os milhões de técnicos de futebol e marqueteiros já estão em ação.
E, assim como o futebol, o marketing eleitoral também é uma caixinha de surpresas. Pude ver isso de perto, em mais uma reunião da AALCRF (Associação dos Amigos e Leitores da Coluna do Reinaldo Figueiredo). Como todo mundo sabe, o pessoal da entidade está me pressionando para que eu lance minha candidatura à Presidência da República. Mas eu ainda não dei o OK.
Chegando lá, me deram duas notícias, uma ruim e uma boa. A ruim é que eles não vão aceitar um “não” como resposta, e a boa é que desistiram de lançar a minha candidatura como “Devagar Franco”. Na verdade, essa foi uma ótima notícia, porque eu não estava a fim de encarar uma campanha eleitoral usando aquele topete e falando o tempo todo com sotaque de caipira mineiro. Ninguém merece.
Fiquei sabendo que Carlinhos, o presidente da associação, tinha pedido ao cunhado dele, que é bom em matemática, para fazer uma rápida pré-pesquisa de opinião pública no centro da cidade, onde circulam eleitores de várias classes sociais e faixas etárias. O resultado da pré-pesquisa foi o seguinte:
Se a eleição fosse hoje, você votaria em: Lula: 0% Bolsonaro: 0% Doria: 0% Huck: 0% Marina: 0% Joaquim: 0% Devagar Franco: 0,4% Indecisos: 3,9% Não responderam: 9,4% Não responderam e mostraram o dedo médio para o pesquisador: 86,3%
Com essa pesquisa em mãos, meus marqueteiros chegaram à conclusão de que o nome “Devagar Franco”, apesar de ter alguma simpatia do eleitorado, ainda está muito associado à velha política. Carlinhos me explicou que deveríamos mudar a estratégia. “Temos que reconceituar o branding da candidatura, quer dizer, dar uma guaribada na sua marca, que segue”.