Morte de mapuche infla crise de Macri
DE SÃO PAULO
A Marinha da Argentina dispensou dois dos três navios brasileiros que haviam sido mobilizados para auxiliar na busca pelo submarino ARA San Juan, desaparecido desde o dia 15 deste mês.
Segundo a Marinha do Brasil, o navio polar Almirante Maximiano voltará para a região da estação antártica brasileira Comandante Ferraz, e a fragata Rademaker retornará para o Brasil. Eles foram comunicados da dispensa na segunda (27), quando ficou evidente que um acidente deve ter afetado o San Juan e seus 44 tripulantes.
A última mensagem da embarcação argentina indica que houve um incêndio e um curto-circuito em parte de suas baterias devido a um vazamento de água. O San Juan então submergiu com capacidade reduzida de propulsão, e a partir daí a única informação da região foi um barulho similar a uma explosão detectado por sensores.
Do Brasil, só o navio de socorro submarino Felinto Perry continua na operação. É a única embarcação do tipo na América do Sul, ressaltando um problema sério no caso de acidentes com submarinos nas frotas da região.
O Ministério da Defesa da Argentina, porém, negou a desmobilização de navios brasileiros ou de qualquer outra nacionalidade que estejam na zona de operações de buscas pelo submarino.
Consultada pela Folha, uma porta-voz do ministério disse que esse retorno deve ter ocorrido por necessidades da própria Marinha do Brasil e que a resposta sobre a decisão cabia ao país vizinho.
Procurada novamente, a Marinha do Brasil manteve a informação de que seus dois navios foram dispensados. ANGÚSTIA No 13º dia desde o desaparecimento do ARA San Juan, a Marinha da Argentina afirmou nesta terça (28) que as buscas passam por uma fase de incerteza e respondeu a críticas após o vazamento, na véspera, da última comunicação do submarino, dia 15.
“A Marinha não cria incertezas. A situação é incerta”, afirmou o porta-voz Enrique Balbi. “São momentos críticos, angustiantes.”
A entrevista coletiva desta terça começou com duas horas de atraso, e foram enviadas ambulâncias à Base Naval de Mar de Plata, onde os familiares foram informados antes da imprensa do estágio das buscas. O movimento gerou expectativas entre os jornalistas de um anúncio relevante sobre a operação.
Mas a notícia mais esperada, a de que o submarino ou partes dele pudessem ter sido detectadas no mar, não veio.
Balbi negou que tenha sido detectado um objeto a 1.080 metros de profundidade, como alguns relataram, e disse que a lei impedia a Marinha de divulgar o despacho confidencial que o comandante do submarino, Claudio Javier Villamide, enviou antes de a embarcação sumir.
Segundo ele, nem o oficial nem o Comando de Submarinos avaliaram haver emergência, pois o San Juan prosseguia rumo a Mar del Plata.
DE SÃO PAULO
A morte de um homem baleado em uma operação das forças de segurança no último sábado (25) reavivou o conflito do governo com grupos mapuche na Patagônia.
Rafael Nahuel, 22, foi atingido por um tiro de uma pistola 9 mm na reintegração de posse de um terreno invadido em um parque nacional perto de Villa Mascardi, a 40 km de Bariloche.
O calibre da bala é o mesmo usado pela Prefeitura Naval Argentina (Capitania dos Portos), que agiu com a polícia e a Gendarmeria (guarda de fronteiras). Os agentes feriram outras duas pessoas.
Segundo o governo, os atingidos eram do grupo extremista Resistência Ancestral Mapuche (RAM) e usaram armas de fogo e lanças, o que os indígenas negam. A morte do ativista levou a novos protestos contra Macri.
A reintegração foi pedida pelo juiz Gustavo Villanueva, que, no entanto, não ordenou o isolamento do local do crime, que pode ter sido alterado pelos indígenas.
“Não é o ideal que neste caso não seja possível ir ao local e consolidar a prova e a informação”, criticou o chefe de gabinete, Marcos Peña.
O caso se assemelha ao de Santiago Maldonado, ativista encontrado morto após dois meses desaparecido, cujo corpo foi enterrado no domingo.