Bernardo Paz deixa conselho do Inhotim
Empresário que idealizou o museu renuncia à presidência do instituto após condenação por lavagem de dinheiro
Acusações remetem ao período em que Paz foi proprietário da Itaminas; defesa recorre de condenação
Bernardo de Mello Paz, empresário que idealizou o Inhotim nos anos 1980, renunciou à presidência do museu nesta terça-feira (28).
A decisão foi divulgada após Paz ter sido condenado, em setembro, a nove anos e três meses de prisão por lavagem de dinheiro em movimentações financeiras de empresas das quais foi sócio. A defesa nega as acusações e já recorreu da sentença.
O economista Ricardo Gazel, que ocupou o cargo de diretor-executivo do instituto entre setembro de 2012 e setembro de 2013, assume a presidência do conselho.
Segundo a assessoria de imprensa do Inhotim, o afastamento partiu de uma iniciativa do empresário e seria uma tentativa de desatrelar sua imagem da do museu.
A renúncia reitera o discurso da defesa. À época da condenação, o advogado do empresário, Marcelo Leonardo, afirmou que os fatos listados pela Procuradoria não tinham relação com o instituto. “Eles dizem respeito a episódios de 2007 e 2008, relativos a empresas de mineração e siderurgia de que Bernardo foi sócio”, disse.
Procurado pela reportagem, Leonardo não soube precisar os motivos que levaram seu cliente a deixar o cargo.
Referência em arte contemporânea e um dos maiores centros artísticos ao ar livre da América Latina, o Inhotim foi construído em uma fazenda de Paz em Brumadinho, nos arredores de Belo Horizonte. O instituto opera normalmente. ENTENDA O CASO A decisão da juíza federal Camila Franco e Silva Velano pela condenação de Paz havia sido publicada em setembro, mas só divulgada neste mês pelo Ministério Público Federal em Minas Gerais.
Maria Virgínia de Mello Paz, irmã do empresário, também foi condenada por participar do crime, mas teve pena menor, de cinco anos e três meses em regime semiaberto.
Segundo a Procuradoria afirmou na denúncia apresentada em 2013, o empresário e sua irmã praticaram lavagem de ativos de suas empresas, escondendo a origem e a natureza de recursos provenientes de sonegação de contribuições previdenciárias, nos anos de 2007 e 2008.
Marcelo Leonardo, que também é o representante legal de Maria Virgínia de Mello Paz, afirma que a condenação de seus clientes por lavagem de dinheiro é injusta.
“Ele é inocente e a decisão é injusta, por isso já recorremos para o Tribunal Regional Federal da Primeira Região, onde a gente espera que a decisão seja revertida e ele, absolvido”, diz Leonardo.
Segundo a sentença, além das transações irregulares entre empresas de Paz, foram constatados saques em espécies nas contas do grupo “sem que se pudesse identificar o destino final dos valores”.