Economista lança nome ao Planalto pelo PSOL
Nildo Ouriques, professor da UFSC, diz que momento é de radicalismo de esquerda
Descontente após anos no PT, Nildo Ouriques, 58, saiu do partido no primeiro mandato do ex-presidente Lula, em 2005. Agora, pretende disputar a Presidência em 2018 contra o petista pelo PSOL.
Como muitos no PT, Ouriques começou sua militância ainda na ditadura militar, em 1979, no movimento estudantil. Nos anos 80, foi um dos primeiros cem filiados ao PT em Santa Catarina.
“Fui petista numa época muito difícil”, lembra.
Mais de 20 anos depois, e insatisfeito com a política econômica do ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci, decidiu sair do partido.
Em abril desde ano, Ouriques se filiou ao PSOL. Mas por que tanto tempo para a mudança? Com o aumento da polarização, abriu-se mais espaço para debates e mudanças radicais, diz. “O radicalismo vai ganhar. Ou nós da esquerda, ou os da direita.”
Mesmo sem nunca ter disputado cargo público, o economista pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), professor da universidade desde 1995, acredita estar preparado.
Ouriques não se sente ofendido ao ser chamado de outsider. Até agora, ele é o único que lançou a pré-candidatura publicamente pelo partido —o líder sem-teto Guilherme Boulos e a ex-deputada Luciana Genro (RS) são outros nomes ventilados.
Um dos maiores erros do PT, segundo Ouriques, foi a aliança com o PMDB para garantir maioria no Congresso.
O impeachment de Dilma Rousseff foi um ‘golpe’ aplicado pelo próprio partido, afirma. “Eles [petistas] estão em conciliação com os golpistas. E Dilma Rousseff traiu o eleitorado colocando em prática o ajuste que criticava e Temer aprofundou”, diz.
Para ele, não há diferenças entre as estratégias políticas do PT e do PSDB. “Temos o sistema ‘petucano’. Há uma comunhão entre ambos.”
Ouriques é crítico da Lava Jato. Segundo ele, as investigações não vão na raiz dos problemas de corrupção.“O Banco Central e o Ministério da Fazenda vivem a passar recursos para grandes empresários. Por que não investigam os bancos?”.