Acordo mantém tensão entre os tucanos
Atrito entre ala governista, ligada a Aécio, e críticos a Temer, próximos de Tasso, permanece em nova executiva
Alckmin dá espaço a diferentes grupos no partido, inclusive a Doria, e garante nome confiança na tesouraria
O acordo que resultou na posse do governador paulista, Geraldo Alckmin, na presidência do PSDB não pacificará por completo o partido, com a tensão entre diferentes alas internas latente.
Nesta sexta-feira (8), véspera da convenção que empossará a nova executiva,o governador paulista teve uma conversa ríspida com Arthur Virgílio, prefeito de Manaus que quer disputar prévias com ele para se lançar à Presidência em 2018.
O senador Tasso Jereissati (CE) foi chamado para aplacar os ânimos —ele e Virgílio foram para outra sala e depois Alckmin os reencontrou.
Nos últimos dias, o governador paulista vinha pedindo a interlocutores que demovessem Virgílio da ideia de discursar na convenção. Na legenda há preferência pelo nome do paulista.
Virgílio, contudo, diz fazer questão de competir, o que força a convocação de prévias. Isso frustrou os planos de Alckmin, que gostaria de sair da convenção ao mesmo tempo como presidente do partido e candidato.
O manauara criticou Alckmin por, na sua visão, centralizar o comando do partido e promete fazer um duro discurso no sábado (9).
“Eu quero tudo igual, mesmos minutos, quero falar bem pertinho de você, quero a mesmo quantidade dele do fundo partidário”, relatou ter dito a Alckmin no encontro.
Também na sexta (8), o exsenador José Aníbal ainda tentava articular sua a permanência na presidência do Instituto Teotônio Vilela (ITV).
O posto, porém, fora oferecido por Alckmin aTasso, hoje adversário de Aníbal internamente. Segundo o cearense, ele terá “carta branca” para formar o programa de governo da candidatura.
Tucanos têm expectativa de que Tasso mantenha o tom crítico de sua interinidade na presidência do PSDB.
“[O convite] sinaliza para mim, e essa é a razão pela qual estamos aceitando, sinaliza que é para dar continuidade à reformulação”, afirmou Tasso.
Para tentar contornar as diferenças internas, Alckmin procurou dar espaço aos diferentes grupos que se chocaram ao longo do ano.
Tasso e o governador Marconi Perillo, de Goiás, assumirão postos de destaque e terão aliados na nova executiva. Os dois renunciaram à disputa pela presidência do PSDB em favor de Alckmin.
Tasso, além do ITV, terá um aliado na segunda vice-presidência, possivelmente o deputado Ricardo Tripoli (SP).
Na sua cota também haverá na executiva um “cabeça preta”, a ala jovem que se alinhou ao cearense nas críticas ao governo de Temer (PMDB).
Os cotados até sexta eram o prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Jr, e Eduardo Leite, ex-prefeito de Pelotas (RS) e possível candidato ao governo gaúcho. O prefeito João Doria também terá um cargo na executiva.
Já Perillo ocupará a primeira vice-presidência, o segundo cargo da linha sucessória do PSDB. Em caso de afastamento de Alckmin, Perillo assumiria o comando tucano.
O senador Aécio Neves (MG) apoiou Perillo na campanha interna, assim como o senador José Serra, Doria, o ministro Aloysio Nunes e Alberto Goldman.
Presidente licenciado do PSDB até este sábado, Aécio manterá influência por meio da indicação do deputado Marcus Pestana (MG), seu aliado, na secretaria-geral.
A ala próxima a Tasso minimiza o espaço de Aécio, um de seus principais adversários no PSDB. (THAIS BILENKY, TALITA FERNANDES E BRUNO BOGHOSSIAN)