Palestinos devem aceitar realidade, diz Israel
DE SÃO PAULO
O premiê israelense, Binyamin Netanyahu, afirmou neste domingo (10) que os palestinos devem encarar a realidade de que Jerusalém é a capital de Israel de modo que ambas as partes caminhem em direção à paz.
Netanyahu afirmou que Jerusalém tem sido a capital de Israel por 3.000 anos e “nunca foi a capital de nenhum outro povo”.
A declaração ocorreu em meio a protestos no mundo árabe-muçulmano contra a decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de reconhecer Jerusalém como capital de Israel e de transferir para lá, de Tel Aviv, a embaixada americana.
Netanyahu falava em resposta ao presidente francês, Emmanuel Macron, em Paris, que havia lhe pedido gestos aos palestinos para quebrar o impasse em torno das negociações de paz.
Nesta segunda (11), o premiê se encontra com chanceleres da União Europeia, quando estes tentarão apresentar uma posição unificada em relação à decisão dos EUA sobre Jerusalém.
Macron disse a Netanyahu que é contra a decisão de Trump, por considerá-la uma “ameaça perigosa à paz”.
“Pedi ao premiê Netanyahu que faça gestos corajosos em direção aos palestinos para que saiam do atual impasse”, afirmou Macron, sugerindo que um congelamento na construção de assentamentos poderia ser um primeiro passo.
Macron reafirmou ainda que a França acredita na solução de dois Estados (um palestino e um israelense) como a única opção viável para pôr fim ao conflito entre israelenses e palestinos.
“Não acredito que precisamos de mais iniciativas.”
“A coisa mais importante sobre a paz é, em primeiro lugar, reconhecer que o outro lado tem o direito de existir”, respondeu Netanyahu. “Uma das manifestações dessa negação é a simples recusa em se sentar com Israel.”
“Este é o gesto que ofereço ao senhor Abbas para se sentar e negociar a paz. É um gesto pela paz. Nada poderia ser mais simples”, afirmou, referindo-se ao presidente palestino, Mahmoud Abbas.
Jerusalém está sob contro- le de Israel desde 1967, mas na prática é dividida entre o lado ocidental, que tem maioria judaica e abriga o Parlamento israelense, e o oriental, de maioria árabe, reivindicado pelos palestinos (a Autoridade Nacional Palesti- na está em Ramallah, na Cisjordânia).
Sua divisão entre palestinos e israelenses é vista como ponto crucial para a implantação da solução de dois Estados, apoiada pela comunidade internacional. “SERMÃO” Netanyahu afirmou ainda que não ouvirá sermões do presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, após ter sido criticado pelo líder turco.
“Não estou acostumado a receber sermões sobre moralidade de um líder que lança bombas em vilarejos curdos na Turquia, que aprisiona jornalistas, auxilia o Irã a se desvencilhar de sanções internacionais e que ajuda terroristas, incluindo em Gaza, a matar pessoas inocentes”, disse Netanyahu.
Mais cedo, Erdogan disse que usará a próxima reunião da Organização de Cooperação Islâmica, na próxima quarta-feira (13) para mostrar que “a decisão dos EUA não segue as leis, diplomacia ou humanidade internacionais”.