Folha de S.Paulo

No caso da Kroton, sim. Para os outros ainda não fechou.

-

Depende de quem está à frente. Eu era o maior acionista da Estácio e nunca consegui agir. Essa foi a minha frustração. Eles enxergam acionista relevante como um pecado, que pode definir o rumo da instituiçã­o, que vai pensar a médio e longo prazo. Mas médio e longo prazo não condiz com o mercado financeiro, que quer resultado de curto prazo.

Não estou dizendo que eles estão errados. O executivo ganha por buscar resultado e valorizar a ação. Muitas vezes, isso fere um pouquinho a qualidade. Tem instituiçã­o que corta tanto custo, falta até papel higiênico para o aluno. A médio e longo prazo isso detona a instituiçã­o. Esses acionistas que querem resultado saem daqui a pouco, pegam outra coisa e vão embora. nando pais. Você não vê isso em educação superior. Eles nem conhecem. Mas talvez pela pressão de ter algo para dar satisfação ao mercado, ele parte para o ensino médio. Acho um equívoco querer misturar. Pode até fazer, mas tem que ser independen­te. Por que os negócios são tão diferentes?

Um negócio não fala com o outro. Não dá para colocar aluno de ensino fundamenta­l dentro de uma universida­de, que é o que a Estácio está querendo fazer. Aluno de superior não gosta de estudar onde tem aluno de ensino fundamenta­l e vice-versa. Usar o prédio quando estiver vazio é uma hipótese, se tiver infraestru­tura. Mas o diretor não está habituado. Que vantagem o setor tem ao buscar o ensino médio, se a margem é mais baixa? Só estão indo porque fechou a janela para a consolidaç­ão no ensino superior? Mas alguns querem entrar na onda. A Kroton está bem definida, tem um plano e uma meta. Se não conseguem mais comprar para crescer, vão para outro mercado. O sr. parece estar voltando para onde começou. Por que?

Porque eu gosto. É meu DNA. Comecei com cursinho e ensino médio. Talvez eu estivesse errado ao querer ir para o superior e dar a qualidade que eu dou no ensino médio. Qual é a dificuldad­e no superior?

O governo deveria olhar mais como são feitos esses investimen­tos. Muitos são especulati­vos. Em educação deveria ser mais consistent­e. O governo até tem ajudado muito a educação, quando abre Prouni ou o próprio Fies. Quem acabou com o Fies foram os próprios donos das instituiçõ­es. Eles foram com muita sede ao pote. Em vez de fazerem com que o Fies cumprisse a função dele, que era social, de atender aquele aluno que não podia pagar, eles ofereceram para quem podia pagar. Para a escola era vantajoso passar no Fies. Eles acabaram com isso e hoje estão sofrendo as consequênc­ias. O governo fez muito bem em por ordem na casa. Esse esgotament­o do Fies também foi um motivo que levou o sr. a sair da Estácio?

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil