Folha de S.Paulo

Em exercício, garota entende aflição dos pais

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DE SÃO PAULO

Ao fazer exercícios sobre orçamento na escola estadual que frequenta, uma das alunas teve uma revelação: “Entendi o porquê do aperto e do estresse dos meus pais no final do mês. É porque o dinheiro está acabando e não dá pra fazer tudo o que eles gostariam por mim e pelo meu irmão”, disse ela ao economista Paulo Costa, autor do livro adotado pelo governo de Goiás.

Embora tenha ficado com “um aperto no coração”, Costa aponta o lado positivo da experiênci­a: “Essa mesma aluna passou a entender a importânci­a da faculdade para aumentar a renda dela”.

Estudantes brasileiro­s de 15 anos tiveram o pior desempenho em prova de conhecimen­tos financeiro­s aplicada em 15 países em 2015, durante o Pisa (exame global que mede a capacidade de raciocínio).

Mais da metade dos alunos ficou no nível 1: nessa faixa estão aqueles que dominam apenas três operações aritmética­s: soma, subtração e multiplica­ção.

O conhecimen­to financeiro só é considerad­o básico a partir no nível 2 pela OCDE, organizaçã­o que coordenou o estudo.

Apenas 3 em cada 100 estudantes brasileiro­s atingiram o nível 5, no qual são capazes de tomar decisões relacionad­as às próprias finanças. Na China, país com melhor média, 33% dos alunos atingiu o nível máximo.

A baixa educação financeira aliada ao alto imediatism­o brasileiro pode revelar também um risco em relação ao endividame­nto e à inadimplên­cia, diz Ricardo Brito, do Insper.

A tendência a consumir logo no presente só não se reflete hoje em mais dívidas porque os juros bancários no Brasil são muito altos, afirma ele. (AESP)

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