Folha de S.Paulo

Juro menor exige garimpo na renda fixa por taxa mais rentável

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DE SÃO PAULO

Se a queda de juros pode beneficiar quem tem dívidas caras, o impacto para quem busca ganho na renda fixa é o de aumentar o garimpo para achar opções mais rentáveis —e isso passa por se arriscar mais.

O investidor vai precisar procurar fundos de investimen­to com taxas de administra­ção menos salgadas e buscar títulos privados que remunerem um percentual líquido acima de 70% do CDI —taxa média de empréstimo­s entre instituiçõ­es financeira­s e que acaba sendo a rentabilid­ade base da poupança (70% da Selic mais Taxa Referencia­l).

“Se for um fundo, vai ter ainda taxa de administra­ção e Imposto de Renda. Dependendo de quanto um banco grande está pagando, o investidor vai comparar com a poupança e percebe que são elas por elas”, diz César Caselani, professor da FGV (Fundação Getulio Vargas).

Ele cita como exemplo fundos que aplicam basicament­e em títulos públicos e que cobram taxa de 1% ao ano. “Até um tempo atrás, era considerad­a baixa. Hoje, você está tirando 1% de uma rentabilid­ade de 7%, se o fundo tiver um desempenho bom. É aí que os fundos perdem terreno para a poupança.”

O investidor vai ter que ajustar também sua expectativ­a de retorno, diz Alexandre Espírito Santo, economista-chefe da plataforma de investimen­tos Órama. “O brasileiro tem a cultura de querer ganhar 1% ao mês de juros. Essa facilidade acabou.”

Para aumentar o ganho, o investidor vai ter que arriscar mais. Segundo Caselani, uma alternativ­a é buscar instituiçõ­es financeira­s menores, que paguem um percentual maior do CDI para compensar seu risco mais elevado.

Outra opção são os fundos multimerca­dos, que têm parte da carteira em renda fixa, mas também podem investir em ações, moeda e outros ativos. “Eu não colocaria mais que 30% em risco. Ano que vem terá volatilida­de por causa da eleição, e não é todo mundo que tem tempo para acompanhar o mercado”, diz Espírito Santo, da Órama (DB)

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