Reunião da OMC inicia com apelo por mais comércio
Líderes latino-americanos fazem discursos coesos em favor de integração
Para analistas, evento será um sucesso caso consiga uma declaração ‘clara e convincente’ de apoio ao sistema
A Conferência Ministerial da OMC (Organização Mundial do Comércio), que começou neste domingo (10), na capital da Argentina, buscará consensos para reduzir os subsídios à pesca e ao setor agrícola, entre outras questões, embora seja esperado pouco progresso.
Em meio a uma grande operação de segurança para evitar protestos em Buenos Aires, o representante dos Estados Unidos, Robert Lighthizer, será encarregado de defender a agenda do presidente Donald Trump com base no slogan “Estados Unidos primeiro”.
Os especialistas acreditam que a reunião dos membros da organização seria um sucesso se levasse a uma declaração “clara e convincente” sobre a necessidade de promover o desenvolvimento do sistema comercial global.
“Devemos elevar a nossa voz em defesa do sistema”, disse o diretor-geral da OMC, o brasileiro Roberto Azevêdo, na abertura da conferência, que termina quarta-feira (13).
Na sequência, na apresentação dos presidentes Michel Temer, Mauricio Macri (Argentina), Tabaré Vázquez (Uruguai), e Horacio Cartes (Paraguai), o pedido foi por “mais comércio”.
Em entrevista a jornalistas, o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, afirmou que o Brasil “tem temas muito urgentes para tratar na OMC”. Um deles, disse, é na área de agricultura. “Há limites para que os países possam subsidiar seus produtores para fazer estoques de segurança alimentar, com garantia de não exportá-los. [Seria importante] determinar qual o limite que os países terão para financiar a própria produção agrícola, de modo a evitar distorções do comércio.”
Sobre a preocupação com o protecionismo norte-americano, disse: “O Brasil acredita que o comércio é um fator de desenvolvimento e intercâmbio fraterno entre os povos. Essas tendências protecionistas atrapalham o comércio e a convivência entre as sociedades”.
Em relação à possibilidade de anunciar, em Buenos Aires, o acordo entre o Mercosul e a União Europeia, Aloysio disse que houve neste domingo (10) uma reunião entre as duas partes, que terá continuidade nos próximos dias. “Para o Mercosul é muito importante, é um acesso a um mercado de 750 milhões de pessoas, um mercado de poder aquisitivo alto. Isso vai potenciar mais investimentos europeus no Mercosul.” TEMER Após a reunião, em entrevista a jornalistas, o presidente Temer afirmou que “a reforma da Previdência vai muito bem”. Acrescentou que a discussão terá início na próxima quarta-feira (13) e deve seguir até a terça (19) e “quem sabe na terça-feira nós conseguimos fechar.”
O presidente disse que mais partidos podem fechar questão sobre a reforma, como já fizeram PMDB, o PTB e o PPS. “Hoje falei com os presidentes do PSD e do PRB e estão entusiasmados com o fechamento da questão.” AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
DE BRASÍLIA
A diplomacia brasileira espera que os europeus aumentem a cota de importação de carnes do Mercosul em reunião marcada para a próxima semana, em Buenos Aires.
Depende disso um acordo político a ser formalizado pelos ministros dos quatro sócios do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai) e pelos europeus, previsto para a próxima terça (12).
No anúncio, os dois lados se comprometem em concluir, nos próximos meses, a discussão técnica para abertura comercial (redução de tarifas e de impostos) entre Mercosul e União Europeia.
A promessa de avanço na integração chega com atraso. A previsão inicial era que o acordo fosse fechado neste encontro em Buenos Aires, um ano após a primeira troca de ofertas entre os dois blocos, em dezembro de 2016.
Mas as eleições na Europa neste ano atrasaram a entrega de ofertas dos europeus em temas sensíveis: carnes e etanol só tiveram propostas conhecidas em outubro.
Da parte brasileira, uma cota para a entrada de carne bovina inferior a 100 mil toneladas por ano tem poucas chances de prosperar. A primeira oferta dos europeus foi de 70 mil toneladas por ano.
Em 2004, quando Mercosul e União Europeia tentaram o acordo, a oferta era de MOMENTO PROPÍCIO Na última semana, as equipes se reuniram em Bruxelas e houve avanço nas áreas de compras governamentais e de serviços.
Os negociadores combinaram de deixar para Buenos Aires, além da oferta para carnes, a cota para o etanol, cuja proposta inicial dos europeus era de 600 mil toneladas, também baixa para os produtores brasileiros.
Neste item, porém, a sensibilidade europeia é aparentemente menor, de acordo com a pessoa que participa das negociações.
O momento político é propício para um acordo. Os presidentes do Mercosul querem mostrar progresso após anos de letargia do bloco. Do lado europeu, também há determinação em avançar, após paralisia nas negociações com os EUA para um acordo no Atlântico Norte.