Repórter foi morador de rua por dez dias
Corajoso e dono de um bom texto, Sérgio Bento era um repórter admirado pelos colegas. Dono também de muitas roupas furadas, era um jornalista de quem a Redação tomava conta: as amigas de “O Bom Dia”, de Bauru (SP), andavam com ele de cima a baixo, oferecendo-se para ajudálo nas tarefas cotidianas.
Não por acaso foi escalado como repórter disfarçado para retratar a vida dos mendigos da cidade.
Deixou a barba crescer, passou três dias sem tomar banho, pegou o que tinha de pior no armário e foi passar dez dias na rua, sem dinheiro.
“Uma noite ele ligou chorando para o jornal, com frio e fome. Noutro dia, teve que dormir no albergue”, lembra o amigo Márcio ABC, editorchefe do jornal à época.
Cigano do interior paulista, passou também por veículos de Cafelândia (onde nasceu), Catanduva e Olímpia.
O descuido com si mesmo antagonizava com a seriedade com que tocava o trabalho. Agia às vezes como se não tivesse nada a perder.
No comício de um candidato à prefeitura de sua cidade natal, de quem era desafeto, foi expulso por seguranças. Com o dedo simulando um revólver por baixo da jaqueta, fingiu estar armado. Deixaram-no em paz —a pauta estava garantida.
Saiu de “O Bom Dia” no começo da década. A partir dali, o desleixo degringolou: engordou vertiginosamente até atingir 180 quilos —só poderia submeter-se à uma cirurgia bariátrica se perdesse 50.
Estava num spa para atingir o objetivo, mas uma pneumonia agudizada por sua condição o impediu. Morreu no dia 5, aos 52. coluna.obituario@grupofolha.com.br
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