Sem tempo, gremistas passam sufoco para serem 2.500 no Mundial
Clube disputa a semifinal do torneio nos Emirados Árabes Unidos na terça-feira (12)
DE SÃO PAULO
“Quem não se organizou antes terá que ver o Grêmio pela televisão.”
A frase do torcedor Marcos Lopes, 34, representa bem o sufoco que gremistas passaram nos últimos 11 dias para comprar passagens e dar entrada no visto para embarcar rumo aos Emirados Árabes Unidos, sede da edição de 2017 do Mundial de Clubes.
A decisão da Copa Libertadores mais tardia da história —o último jogo da final foi em 29 de novembro— criou dificuldades para os torcedores. Mesmo assim, o clube estima que entre 2.000 e 2.500 gremistas estarão nos EAU.
O número representa aproximadamente 25% do que o Inter, maior rival do Grêmio, levou quando jogou o torneio em 2010, realizado em Abu Dhabi. Os colorados, porém, tiveram quatro meses para se organizarem, pois a final da Libertadores foi em agosto.
“Dois dias após a classificação para a final, resolvi arriscar e comprei a passagem para Abu Dhabi. Da data do título até a estreia do Grêmio são apenas 13 dias. O tempo necessário sem correria para uma viagem dessa é um mês”, disse Marcos Lopes, que terá a companhia do amigo Aloísio Kirsch, 50.
Cada um gastou R$ 3.000 com passagens e mais R$ 2.000 com hotel, alimentação, transporte e ingresso.
“Fui em todos os jogos do Grêmio em casa, mas não fui fora. Estava guardando para viajar a Abu Dhabi”, contou.
De acordo com João Machado, presidente da Associ- ação Brasileira das Agências de Viagem no Rio Grande do Sul, “foi feita uma operação de guerra para os gremistas cruzarem o planeta” em razão da proximidade entre o título da Libertadores e a estreia do Grêmio no Mundial de Clubes, marcada para esta terça-feira (12), às 15h (de Brasília) diante do Pachuca.
“No dia seguinte ao título, foi uma loucura, já que recebemos muitas ligações. Vendemos rapidamente o que tínhamos assegurado de vagas em voos. Depois, surgiu um fretamento e tivemos que fazer plantão no último final de semana”, diz Machado.
O pacote de uma semana com passagem, hotel, ingressos e guia custa R$ 16 mil.
Os torcedores precisaram esperar a obtenção do visto, que pode ser encaminhado por agências, companhias aéreas, hotéis ou diretamente pelo consulado e fica pronto em três dias. Para isso, o passaporte tem de ser válido por pelo menos seis meses.
O Grêmio enfrentou problemas para definir a logística da equipe para o Mundial de Clubes. O time foi obrigada a se dividir em dois grupos para chegar. Os voos saíram de São Paulo na última quarta-feira e tiveram como destinos Londres e Frankfurt. A delegação só ficou completa na chegada em Dubai.
“Foi uma logística bastante complexa, pois estamos vivendo uma situação inédita. Estamos pagando o preço pelo pioneirismo. Foi difícil achar lugar nos voos. Quisemos colocar todos os jogadores em classe executiva para eles poderem descansar o máximo possível na longa viagem”, disse Carlos Amodeo, CEO da equipe gaúcha.
A festa que o torcedor gremista fez durante o jogo contra o Lanús no estádio La Fortaleza e nas ruas de Buenos Aires e de Porto Alegre após a conquista da Libertadores terá que ser muito mais contida nos Emirados Árabes.
O clube divulgou instruções para que os torcedores não tenham problemas no país do Oriente Médio. Pediu que os gremistas não tirem a camisa em público, nem mesmo dentro do estádio, evitem consumo de bebida alcoólica em locais públicos e não façam buzinaços nas ruas.
A Fifa permitiu a utilização de instrumentos e faixas pelos torcedores gaúchos desde que não comprometam a visibilidade dos outros espectadores.