Folha de S.Paulo

Cristovão Tezza estreia na poesia em edição artesanal

Livro ‘Eu, Prosador, Me Confesso’ tem lançamento com 300 exemplares

- MAURÍCIO MEIRELES

Escritor só havia se aventurado no gênero na juventude e diz vê-lo como algo relacionad­o à sua maturidade FOLHA

Após uma longa e premiada carreira na prosa, Cristovão Tezza é outra vez um estreante. O autor de “O Filho Eterno”, após décadas dedicados à experiênci­as com a estética realista, lança pela primeira vez um livro de poesias: “Eu, Prosador, Me Confesso”, em uma edição artesanal de 300 exemplares.

“Baixou a inspiração”, diz Tezza, também colunista da Folha. “Romance é mais braçal. Todo dia, entre 9h e 12h, eu escrevo. Mas você não pode fazer assim com poesia.”

Ele só havia se aventurado no gênero na juventude e vê a poesia como algo relacionad­o à sua maturidade. Para Tezza, 58, a poesia é uma forma de tratar de questões com menos mediação entre autor e texto —na prosa, conta, há elementos como o narrador e os personagen­s no meio.

“Na prosa o autor fica mais oculto. Nela, o autor está na arquitetur­a toda, em outro nível. Já a poesia é uma linguagem afirmativa, é tentar decifrar coisas sem essa mediação. O poeta tem que assinar embaixo do que diz.”

Para o escritor é como se o poeta “concordass­e” com as palavras que escreve e buscaria, pela inspiração, dizer algo “sincero” sobre as coisas.

Tezza diz-se influencia­do por Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira, mas também lê contemporâ­neos como Paulo Henriques Britto, Ana Martins Marques e Luci Collin, entre outros.

Vários poemas fazem referência aos modernista­s, como “Poeminha para Manuel Bandeira” e outros com um estilo drummondia­no, como “A Mão” e “Descampado”. O ar prosaico também traz uma influência do modernismo.

“Considero Drummond a voz absoluta da cultura brasileira. Ele sintetiza tanta coisa de nossa cultura e língua que é difícil de superar.”

O autor usa versos livres e brancos, mas diz dar atenção à composição formal. “O rigor formal é importante mesmo no verso livre”, diz ele, que leu na infância “Tratado de Versificaç­ão”, de Olavo Bilac.

O autor está em São Paulo para um lançamento duplo. Além da estreia na poesia, ele tem um ensaio em “Ética e Pós-Verdade”, ao lado de outros escritores. Com organizaçã­o de Manuel da Costa Pinto, também colunista da Folha, os ensaios discutem os dois conceitos que dão título à obra em vários campos. AUTOR Cristovão Tezza EDITORA Quelônio QUANTO R$ 64 LANÇAMENTO segunda (11), às 19h, no Bar Balcão (r. Doutor Melo Alves, 150) AUTORES Cristovão Tezza, Julián Fuks, Márcia Tiburi, Vladimir Safatle e Christian Dunker EDITORA Dublinense QUANTO R$ 34,90 LANÇAMENTO terça (12), 19h, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional (av. Paulista 2073)

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Theo Marques - 2.abr.2014/Folhapress O escritor Cristovão Tezza, que lança um livro de poesias
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