Bitcoin faz estreia na Bolsa com forte alta
Em seu lançamento, contrato futuro da criptomoeda chegou a valorizar 26%, o que exigiu suspensão dos negócios
Criação de instrumento é 1ª oportunidade para investidor profissional aplicar na moeda, que foi criada em 2009
A estreia do bitcoin no mercado de contratos futuros superou as expectativas, e as negociações chegaram a ser suspensas devido à valorização excessiva.
Com uma alta procura (que provocou lentidão no site da Bolsa Cboe, Chicago Board Options Exchange), o contrato do bitcoin chegou a subir 26%, mas depois perdeu força e acumulou alta de 15%, para US$ 17,8 mil.
A Bolsa americana acionou em dois momentos o “circuit breaker”, suspendendo as negociações. O primeiro, uma paralisação de dois minutos, após valorização de 10%, e o segundo, de cinco minutos, com a alta de 20%.
O volume das negociações dos contratos futuros superou US$ 50 milhões e foi considerado expressivo para uma moeda virtual que é alvo de intenso debate sobre a sua real utilidade.
A chegado do bitcoin ao mercado futuro é um marco para a criptomoeda, que se apresenta como uma alternativa ao sistema monetário global e que tem potencial para alterar fortemente o modo como são conduzidas as transações financeiras.
Um contrato futuro é um produto financeiro que permite aos investidores apostar sobre a evolução de uma moeda, ou seja, se o preço vai subir ou cair.
Esses instrumentos constituem a primeira oportunidade oficial para os investidores profissionais de aplicar no bitcoin, criado em 2009 e do qual muitos desconfiam pela ausência de regulamentação e falta de transparência, que transformaram a moeda virtual em um ativo popular entre criminosos e traficantes que desejam lavar dinheiro.
A Cboe “dá legitimidade porque reconhece que o bitcoin é um ativo como qualquer outro (dólar, euro, petróleo, gás, soja) que pode ser negociado”, diz Nick Colas, analista da Data Trek Research.
Além da Cboe, a CME, também de Chicago, promete negociar os contratos futuros a partir da semana que vem.
A estreia da moeda virtual em um grande mercado internacional foi “bastante tranquila e estável”, disse Bob Fitzsimmons, diretor de contratos futuros da Wedbusch Securities.
As negociações são exclusivamente eletrônicas. Sem existência física, o bitcoin apoia-se em um sistema de pagamento entre pessoas baseado em uma tecnologia denominada “blockchain”.
A moeda virtual divide os economistas, grandes instituições financeiras e investidores, mas encontrou eco em países excluídos do sistema financeiro americano, como a Venezuela, ou com uma inflação e deflação elevadas.
O entusiasmo chegou recentemente aos países ocidentais, onde as ações das empresas cotadas são muito caras, o que empurra alguns investidores e pequenos correntistas a buscar outros produtos financeiros —a valorização do bitcoin supera 1.500% neste ano.
Mas, para Jamie Dimon, presidente-executivo do banco americano JPMorganChase, o instrumento é uma “fraude”.
É uma “bolha especulativa” que provavelmente vai “implodir”, na opinião dos vencedores do Prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz e Jean Tirolle.