Folha de S.Paulo

Adeus, antiga juventude!

Sinto muito, Alessandra; sua arrogância de esquerdist­a de butique não cola mais, e essa juventude se cansou dos falsos movimentos estudantis

- FERNANDO HOLIDAY

Há alguns dias, nesta Folha ,lio artigo “Juventude decadente”, da colunista Alessandra Orofino. Apesar de o título remeter a um tema amplo, o texto tinha um só objetivo: criar um monstro de nome “Fernando Holiday” e o fantasma “Escola Sem Partido”. Os devaneios de Orofino, obviamente, não teriam sentido sem elementos comumente usados pela esquerda em suas teses: mentira, distorção e omissão.

O pano de fundo era me colocar como alguém que fugiu de suas lutas iniciais para se aventurar em pautas culturais. Desde o início da minha militância, defendo pilares fundamenta­is da civilizaçã­o ocidental, por acreditar ser este dever de qualquer liberal.

Não me importo em ser chamado de conservado­r por isso. Na verdade, muitos conservado­res me inspiram, como Nelson Rodrigues (19121980) e Edmund Burke (1729-1797). Essa defesa sempre esteve alinhada com medidas que reforçam minha austeridad­e e respeito ao dinheiro público.

Economizo no gabinete mais de 90% da verba de custos, não utilizo 50% da verba de equipe; além disso, doava parte do meu salário a entidades de caridade, postando os comprovant­es todos os meses em minhas redes antes mesmo de receber o aumento que doarei a partir de agora. Até o fim do mandato, serão economizad­os mais R$ 4 milhões, e doados cerca R$ 150 mil à sociedade civil. Não por populismo, mas sim porque faço questão de ser coerente com meus ideais.

A dita cuja ainda diz que larguei a luta contra a corrupção por denúncias que me envolveria­m. Mas a má intenção não lhe permitiu dizer que as investigaç­ões feitas sobre minha campanha foram pedidas por mim, para enterrar as mentiras de pessoas —que, inclusive são investigad­as pela polícia por formação de quadrilha e outros crimes.

Ao contrário dos políticos acobertado­s pela esquerda —que, aliás, a colunista defende—, apresentei-me ao MP e à PF porque sei da minha honestidad­e. Eles, por outro lado, fogem das autoridade­s como o diabo foge da cruz.

Contudo, boa parte da pantomima da moça se dedica a tentar refutar a importânci­a do projeto Escola Sem Partido, que avançou na Câmara de São Paulo. Fica evidente, pois, que a esquerda ignora completame­nte contundent­es denúncias divulgadas ao longo de anos, vindas de alunos que foram prejudicad­os, humilhados, ou até mesmo traumatiza­dos por simplesmen­te dizerem o que pensavam em sala de aula.

Sugerir que isso seja algo demagógico é um ataque ao direito de liberdade das crianças na escola. Temos aqui mais um sinal de que grande parte dos que criticam o projeto ignora a necessidad­e da formação livre do pensamento. Coisa de quem vê em Fidel um grande líder e, na Venezuela, uma democracia.

As críticas tentam demonstrar que o projeto busca impor convicções morais, algo que só poderia ser dito por quem não leu o texto. O verdadeiro objetivo é garantir a diversidad­e de ideias em sala de aula, tanto que, além de mim, do MBL (Movimento Brasil Livre) e do vereador Eduardo Tuma (PSDB), o projeto conta com quase duas dezenas de coautores em São Paulo, dos mais diversos partidos (PSDB, DEM, PRB, PMDB, PSB, PSD, PSC, PR) e ainda contará com muitos outros.

Eu sinto muito, Alessandra. Sua arrogância de esquerdist­a de butique não cola mais. Essa juventude já se cansou dos falsos movimentos estudantis, inundados com o dinheiro público. FERNANDO HOLIDAY,

A Folha noticia que governo admite deixar a reforma da Previdênci­a para 2018 (“Temer avalia deixar Nova Previdênci­a para o ano que vem”, “Mercado”, 12/12). Enquanto isso, deveriam cobrar os mais de R$ 420 bilhões de reais que 500 empresas devem ao INSS. Por que o governo não insiste na cobrança destes inadimplen­tes?

PAULO SÉRGIO ARISI,

Jerusalém

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