Folha de S.Paulo

STF abre ação contra presidente do DEM

Senador Agripino Maia vira réu sob suspeita de corrupção e lavagem em caso envolvendo arena da Copa de 2014

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Denúncia fala em favorecime­nto da OAS na liberação de recursos; ele nega e pede julgamento rápido

Por 4 votos a 1, a Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) recebeu nesta terça (12) denúncia da Procurador­ia-Geral da República contra o senador e presidente do DEM, José Agripino Maia (RN), que se tornou réu sob acusação de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Votaram pelo recebiment­o da denúncia o relator, Luís Roberto Barroso, e os ministros Luiz Fux, Marco Aurélio e Rosa Weber, que entenderam haver indícios suficiente­s para a abertura de uma ação penal. Alexandre de Moraes votou contra, por consi- derar a denúncia inepta.

Segundo a denúncia, oferecida ao STF em setembro pelo ex-procurador-geral Rodrigo Janot, Agripino atuou para destravar a liberação de financiame­nto do BNDES para a obra da Arena das Dunas em Natal (RN), em troca de propina da construtor­a OAS.

A Arena das Dunas foi um dos estádios da Copa do Mundo em 2014.

A atuação de Agripino, de acordo com a PGR, se deu no Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Norte (TCE-RN) em meados de 2013. O TCE-RN não havia autorizado a liberação de parcelas do empréstimo por entender que o projeto apresentad­o pela OAS não atendia a requisitos de regularida­de e ausência de sobrepreço.

Segundo a denúncia, o empreiteir­o Léo Pinheiro, da OAS, pediu a intervençã­o do senador. A partir de uma reu- nião na casa de Agripino com o conselheir­o relator do caso no TCE-RN, Carlos Thompson, o secretário estadual para Assuntos Relativos à Copa, Demétrio Paulo Torres, e representa­ntes da OAS, o Tribunal de Contas teria deixado de informar ao BNDES problemas no projeto do estádio.

Agripino é acusado de receber ao menos R$ 654 mil em espécie, depositado­s em sua conta em frações inferiores a R$ 10 mil para não chamar a atenção dos órgãos de controle, além de R$ 250 mil ao DEM em 2014.

“Há um conjunto bem grande de elementos que sugerem uma atuação indevida, um ato omissivo grave, que levou ao superfatur­amento de R$ 77 milhões [no estádio], e o inequívoco recebiment­o de dinheiro não justificad­o depositado fragmentad­amente na conta do parlamenta­r, além da suspeita, sem comprovaçã­o, de que as doações, ainda que feitas de forma lícita, seriam pagamento de vantagem indevida”, disse Barroso no voto.

Para Moraes, “se houve ilicitude, o conselheir­o do Tribunal de Contas também deveria ter sido denunciado”. OUTRO LADO O senador Agripino disse, em nota, que é inocente e que espera um julgamento célere.

“Como afirmado por todos os ministros da Primeira Turma, o prosseguim­ento das investigaç­ões não significa julgamento condenatór­io. E é justamente a inabalável certeza da minha inocência que me obriga a pedir à corte o máximo de urgência no julgamento final da causa.”

Segundo Agripino, causoulhe “profunda estranheza” o fato de os ministros terem desconside­rado provas que atestavam a sua inocência.

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Edilson Rodrigues - 15.ago.2017/Agência Senado O senador potiguar José Agripino Maia, presidente do DEM

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