Democrata desbanca candidato de Trump no Alabama
Doug Jones dá fim a 20 anos de hegemonia de republicanos ao derrotar Roy Moore, acusado de abuso sexual
O democrata Doug Jones venceu nesta terça-feira (12) a eleição para o Senado americano no Alabama, desbancando Roy Moore, candidato apoiado por Donald Trump, e acabando com 20 anos de hegemonia republicana no Estado do sul americano.
A apuração não havia terminado até a conclusão desta edição, mas projeções da imprensa americana determinavam a vitória após uma disputa acirrada. Com 93% das urnas apuradas, o democrata Doug Jones liderava com 49,6% dos votos, contra 48,8% de Moore.
Jones venceu conquistando parte do eleitorado republicano moderado e das classes mais altas, que atraiu após as denúncias de abuso sexual contra Moore.
Por isso, buscou se afastar da cúpula do Partido Democrata, rejeitada pelo eleitorado conservador do Alabama, até os últimos dias de campanha. No fim de semana, porém, recebeu o apoio do expresidente Barack Obama.
A intenção era buscar o apoio do eleitorado negro, que perfaz 25% do Estado e que poderia levá-lo à vitória.
O democrata reverte uma vantagem de quase 20 pontos nas últimas semanas e sai vitorioso frente a um candidato com o perfil do Estado.
Ex-juiz que desejava levar ao Senado seu ativismo religioso, contrário ao aborto e aos direitos LGBT, Moore reiterou ao votar que as acusações contra ele fariam parte de uma campanha da imprensa para prejudicá-lo: “Não tenho medo dos jornalistas. Eles devem parar de escrever coisas falsas”.
Ele se refere às denúncias de três mulheres de que ele as teria abusado sexualmente nas décadas de 1970 e 1980, quando eram adolescentes e Moore tinha por volta de 30 anos. Duas eram menores de idade quando dos episódios.
A esposa do político, Kayla, defendeu na segunda (10) sua honradez e rechaçou as acusações de racista, sexista e antissemita. Os relatos de abuso fizeram com que a ala moderada pedissem que Moore abandonasse a disputa, mas ele não se dobrou.
Por outro lado, na esteira das denúncias, cresceu o apoio de Trump e de ícones da chamada “direita alternativa”. Um deles, o ex-estrategista-chefe do presidente Stephen Bannon, participou de um comício com o candidato.
Na terça, o mandatário reiterou seu apoio a Moore atacando Jones ao tentar vinculá-lo a políticas contrárias às que vem tentando implantar:
“O povo do Alabama vai fazer a coisa certa. Jones é próaborto, fraco no combate ao crime, na defesa aos militares, ruim para donos de armas e veteranos e contra o MURO. [...] Roy Moore sempre vai votar com a gente. VOTE EM ROY MOORE!”.
A vitória de Jones reduz a maioria eleitoral republicana para 51 cadeiras, deixando uma margem de manobra muito reduzida para Trump.