Folha de S.Paulo

Caracas mira ex-embaixador por corrupção

- DE SÃO PAULO DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O regime de Nicolás Maduro abriu nesta terça-feira (12) investigaç­ão contra Rafael Ramírez, ex-embaixador venezuelan­o na ONU e ex-presidente da PDVSA, por suposta relação com a corrupção na petroleira.

Segundo Tarek William Saab, procurador-geral designado pela Assembleia Constituin­te chavista, Diego Salazar, primo de Ramírez, afirma que o ex-embaixador era seu sócio em operações de intermedia­ção de compra e venda de petróleo.

Salazar foi preso na semana passada acusado de desvio e lavagem de € 1,5 bilhão (R$ 5,83 bilhões) de verbas públicas que foram enviados a um banco no principado europeu de Andorra.

Ramírez, porém, ainda não foi acusado por nenhum crime nem foi emitida uma ordem de prisão contra ele. A investigaç­ão é aberta em meio ao que o regime chama de uma operação contra a corrupção na estatal, mas que expulsou alguns dos principais dirigentes da área petroleira do país.

Entre os 67 membros e ex-executivos da PDVSA presos estão Eulogio del Pino e Nelson Martínez, aliados de Ramírez que se alternaram entre o Ministério do Petróleo e a presidênci­a da estatal depois de 2014, quando o ex-embaixador deixou o comando da petroleira.

Um dos braços direitos do ex-presidente Hugo Chávez (1954-2013), Ramírez renunciou na semana passada à representa­ção nas Nações Unidas em Nova York, cumprindo ordens de Maduro. Desde então, seu paradeiro é desconheci­do.

A saída se deveu às críticas feitas pelo ex-embaixador ao manejo econômico da PDVSA e do país. Logo após deixar o cargo, porém, endureceu a reprovação a Maduro em entrevista­s à BBC, à Reuters e ao jornal venezuelan­o “Panorama”.

A este último veículo, afirmou que o mandatário nunca o quis no comando da PDVSA, mas o manteve por sua proximidad­e de Chávez. Também o criticou por ignorar seus alertas de que a situação econômica venezuelan­a se deteriorar­ia.

Analistas e ex-membros do alto escalão chavista consideram que a saída de Ramírez e o expurgo na PDVSA são uma forma de Maduro tirar do páreo possíveis rivais na disputa à Presidênci­a em 2018. Por outro lado, avaliam que o ex-embaixador pode encabeçar a dissidênci­a chavista.

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