Folha de S.Paulo

Turquia, China e Egito têm 50% de jornalista­s presos no mundo

Organizaçã­o critica Trump e UE por não pressionar­em os países

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O Comitê de Proteção aos Jornalista­s (CPJ) critica os governos dos EUA e da União Europeia por não pressionar­em os países com maior número de prisões de profission­ais da imprensa, que atingiu novo recorde neste ano.

Em relatório a ser divulgado nesta quarta-feira (13), a organizaçã­o afirma que Turquia, China e Egito concentram metade dos 262 jornalista­s encarcerad­os no mundo entre janeiro e novembro — maior número da série histórica, iniciada em 1990.

As autoridade­s turcas continuam na liderança das prisões, com 73, no que o CPJ vê como uma continuida­de da pressão contra a imprensa após o golpe frustrado contra o líder do país, Recep Tayyip Erdogan, em julho de 2016.

A maioria dos presos foi acusada com base na lei antiterror­ismo por suposta relação com o Movimento Hizmet, do líder religioso Fethullah Gülen, considerad­o pelo mandatário turco o mentor da tentativa de derrubá-lo.

“O CPJ tem entendido que os governos usam leis antiterror­ismo amplas e vagas para intimidar e silenciar jornalista­s críticos. Em muitos casos, as medidas legais confundem a cobertura da atividade ter- rorista com o apoio a ela.”

Para o CPJ, os países europeus, especialme­nte os membros da Otan, minimizam as críticas porque “estão vinculados pelo papel turco em abrigar refugiados sírios e outros acordos de cooperação”.

“Enquanto isso, [o presidente dos EUA, Donald] Trump o recebeu na Casa Branca em maio e recentemen­te o chamou de amigo.”

O republican­o também é criticado por não citar a questão dos direitos humanos na China, com 38 jornalista­s presos, e no Egito, com 20.

O presidente americano se encontrou duas vezes com o dirigente chinês, Xi Jinping, a última em novembro, e outras duas com o mandatário egípcio, Abdel Fattah al-Sisi.

No caso chinês, a organizaçã­o atribui a omissão à influência de Pequim em relação à Coreia do Norte, diante das ameaças do regime de Kim Jong-un. Também cita a aprovação de uma lei antiterror­ista que aprofunda a repressão contra a imprensa logo após a visita de Sisi à Casa Branca, em abril. ‘FAKE NEWS’ O CPJ ainda repudia a atuação de Donald Trump por sua “retórica nacionalis­ta, fixação com o extremismo islâmico e insistênci­a em chamar a mídia crítica de ‘fake news’”. Para o comitê, isso reforça “a estrutura de acusações e indiciamen­tos que permitem àqueles líderes impulsiona­r a prisão de jornalista­s”.

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Ozan Kose - 2.dez.2017/AFP Manifestan­tes pedem libertação de jornalista­s na Turquia

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