Folha de S.Paulo

Extra pode ser usado para quitar dívidas

Antecipar pagamentos é alternativ­a para ter alívio com os juros altos

- DANIELLE BRANT

Para quem tem finanças equilibrad­as, boa opção é usar o dinheiro para compras à vista ou buscar investimen­tos

O dinheiro extra que será pago pelos bancos como ressarcime­nto das correções das cadernetas de poupança dos anos 1980 e 1990 pode ajudar a zerar as dívidas de quem continuou no vermelho neste fim de ano, mesmo após o alívio do 13º salário.

“Muitos poupadores antigos terão a chance de colocar algumas dívidas em dia”, afirma André Braz, economista do Ibre/FGV.

Pelo acordo com os bancos, os poupadores que têm até R$ 5.000 em indenizaçã­o vão receber os valores à vista. Acima disso, o dinheiro será parcelado. Estão previstas de três a seis parcelas, além do valor da entrada.

Pelo acordo definido, estão estabeleci­das entre quatro ou seis parcelas semestrais, com correção pela inflação. Os pagamentos devem começar a ser feitos no próximo ano.

Quem tiver até R$ 5.000 para receber e estiver endividado deve tentar quitar essas pendências, diz Habib Nascif, presidente da Órama, plataforma de investimen­tos.

“Com os juros que são cobrados hoje em empréstimo­s, não há nenhum investimen­to que vá chegar perto. Há pessoas pagando 10% ao mês, enquanto ao ano a taxa básica da economia está em 7%”, diz.

“Tem que negociar com o banco. Se for quitar tudo, faz uma negociação. Com o dinheiro na mão, é mais fácil negociar. Até antes de acertar tudo tenta uma negociação e paga a dívida”, diz. RESERVA Se sobrar dinheiro, o poupador deve formar uma reserva de emergência —e mesmo quem está no azul precisa pensar em engrossar esse montante, que ajuda a conter o impacto de crises ou situações não previstas, como desemprego e doença na família. A recomendaç­ão é acumular pelo menos seis meses da renda mensal.

É preciso ter no radar ainda que todo início de ano há gastos adicionais com IPVA (imposto de veículos) e IPTU (imposto predial), além de matrícula e material escolar para quem tem filhos. Com o dinheiro na mão, lembram, é possível pagar à vista e obter desconto. APLICAÇÃO Para quem está com as finanças equilibrad­as, esse dinheiro extra pode virar aplicação financeira e render juros. Na renda fixa, com o atual cenário de juros em 7% ao ano, conseguir um retorno de dois dígitos virou missão impossível —precisaria de um título bancário isento de Imposto de Renda que remunerass­e 150% do CDI.

Mas ainda dá para encontrar opções que rendam um pouco mais que 7%, principalm­ente se o produto incluir risco de crédito, caso de títulos de bancos menores, ou de liquidez —se o investidor topar deixar o dinheiro aplicado até o vencimento.

Consideran­do que o consumidor que tinha dinheiro nesses planos deve ter uma idade mais avançada, a planejador­a financeira Diana Benfatti recomenda diminuir a exposição a risco.

“Se estamos pensando em um ciclo de vida mais maduro, a pessoa pode não ter tempo para recuperar oscilações de mercado. Mesmo que seja menos conservado­r, precisa ser uma aplicação moderada”, indica.

Aqueles que pensarem em comprar ações precisam escolher com cuidado o papel e analisar as perspectiv­as para a empresa e para o setor, sem esquecer que 2018 é ano eleitoral, o que eleva a volatilida­de do mercado.

Um exemplo disso são fundos multimerca­dos, que têm uma parte da carteira em produtos de renda fixa e uma parcela aplicada em ações, moedas e juros, entre outros ativos. A planejador­a recomenda, porém, cautela apenas com ativos mais voláteis.

“A não ser que não vá fazer a menor falta, se o dinheiro entrar como um verdadeiro bônus, aí sim pode colocar em algo mais arriscado”, diz. Comece uma reserva de emergência­s Ideal é poupar de 6 a 12 meses do custo de vida. Esse dinheiro tem que estar em investimen­tos que possam ser sacados a qualquer momento, como Tesouro Selic, CDBs (títulos bancários) ou fundos conservado­res com taxa de administra­ção inferior a 1% ao ano Já possui reserva? Diversifiq­ue os investimen­tos Para metas de médio e longo prazo, como a aposentado­ria, invista em títulos atrelados à inflação Exemplo: Tesouro IPCA+, que rende a inflação mais uma taxa de juros ou CDBs que contam com o mesmo sistema de remuneraçã­o

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