Folha de S.Paulo

ANÁLISE Área plantada cairá, e preço dos alimentos poderá subir

- MAURO ZAFALON

FOLHA

Os novos números da safra de grãos divulgados pela Conab (Companhia Nacional de Abastecime­nto) nesta terça-feira (12) trazem uma preocupaçã­o.

O custo dos alimentos poderá subir em 2018, principalm­ente o dos básicos. Neste ano, ocorreu o contrário. Os alimentos pesaram pouco no bolso do consumidor e impediram uma evolução da taxa de inflação.

Para a Conab, o Brasil estará semeando na safra 2017/18 a menor área com arroz desde a década de 1970, início da série histórica dos números do órgão.

A área destinada ao feijão na primeira safra —são três no ano— fica próxima de 1 milhão de hectares, a segunda menor desde os anos 1970. O abastecime­nto interno passará a depender de uma boa evolução das outras safras.

As más notícias vêm também da produção de trigo. A área caiu, e a produção do cereal deverá ficar em 4,3 milhões de toneladas neste ano, a menor em dez anos.

O Brasil consome 11,2 milhões de toneladas de trigo por ano. Para atender a demanda interna, o país terá de importar acima de 7 milhões de toneladas.

Outra preocupaçã­o é com o milho, cuja área da safra de verão também é a menor desde a década de 1970. Área e produção menores na safra de verão colocam um peso grande no resultado da chamada safrinha, a safra de inverno. Este é, no entanto, um período de risco para a produção de milho.

O grande destaque da safra 2017/18 fica por conta da soja. A área semeada atingirá o recorde de 35 milhões de hectares, 3% mais do que na safra 2016/17.

A oleaginosa avança sobre as áreas de arroz, feijão e milho, cujos preços não agradaram aos produtores neste ano. Mesmo com área maior, a produção de soja do próximo ano será menor do que a deste.

Na avaliação da Conab, serão produzidos 109 milhões de toneladas de soja em 2018, abaixo do recorde de 114 milhões deste ano.

A safra total de grãos cai para 226,5 milhões de toneladas em 2017/18, com queda de 11,2 milhões de toneladas em relação à de 2016/17. Neste ano, a produção havia superado em 51 milhões a de 2015/16.

As principais quedas na produção de 2018 serão arroz (6%), feijão da primeira safra (18%) e milho (6%). A soja, com produtivid­ade menor, recuará 4%.

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