Inflação ficará abaixo da meta, o que deixa o caminho aberto para juros menores.
O Banco Central culpou a queda do preço dos alimentos pelo provável descumprimento da meta de inflação para 2017, fixada em 4,5% com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
Na semana passada, o BC reduziu a projeção de inflação pelo cenário de mercado a 2,9% em 2017, ante 3,3% em sua última estimativa, de outubro, e abaixo do piso da meta oficial deste ano.
Caso a projeção se confirme, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, deverá enviar uma carta ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, para justificar o descumprimento. Será a primeira vez que ocorrerá tal situação desde que foi criado o sistema de metas de inflação, em 1999.
“Com a perspectiva de redução de preços da ordem de 5% no ano, o componente de alimentação no domicílio medido pelo IPCA explica grande parte do desvio da inflação em relação à meta de 4,5% vigente para o ano corrente”, afirmou a instituição em ata da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) publicada nesta terça-feira (12).
O BC ainda ressaltou que os alimentos vêm compensando o choque inflacionário nos preços administrados, afetados pelas tarifas de energia elétrica, que sofreram um reajuste recentemente.
Na sexta-feira (8), o IBGE divulgou que os preços medidos pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) subiram 0,28% em novembro e, influenciados pela deflação dos alimentos, ficaram abaixo do esperado pelo mercado.
Para 2018, o BC passou a ver a alta do IPCA em 4,2%, ante 4,3% antes, e manteve seu cenário em 4,2% para 2019. O cenário de mercado supõe Selic de 7% ao fim deste ano e do próximo e de 8% ao fim de 2019.
Pesquisa Focus mais recente do BC, que ouve semanalmente uma centena de economistas, mostrou que a estimativa deste ano é que a CAUTELA O Banco Central informou que mantém sua “liberdade de ação” para decidir os próximos passos da política monetária daqui para a frente, mas ressaltou que suas decisões serão tomadas com “cautela”, mantendo o caminho pavimentado para novo corte, porém menor, da taxa básica de juros no início de 2018.
“Houve consenso em manter liberdade de ação, mas sinalizar que o atual estágio do ciclo recomenda cautela na condução da política monetária”, afirmou na ata.
Na semana passada, o BC reduziu a Selic para a mínima histórica de 7% ao ano, deixando a porta aberta para nova redução adiante, mas ressaltando que encarará a investida com “cautela”.
Isso porque o BC deixou claro que os passos seguintes estão mais sensíveis a eventuais mudanças no cenário de riscos, o que, para analistas, foi uma sinalização sobre como será o desfecho da reforma da Previdência. E reforçou essa visão na ata.