Folha de S.Paulo

Conselho amplia lista de médicos para diagnóstic­o de morte cerebral

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Avaliação poderá ser feita por outros profission­ais além do neurologis­ta

DE BRASÍLIA

O CFM (Conselho Federal de Medicina) anunciou nesta terça-feira (12) resolução que atualiza os critérios para diagnóstic­o de morte encefálica —quando o cérebro para de funcionar de forma irreversív­el, e o paciente não tem mais chances de vida.

A avaliação poderá ser feita por outros especialis­tas além do neurologis­ta, os quais podem ser médicos intensivis­tas, neuropedia­tras, neurocirur­giões ou médicos de emergência. Antes, havia a exigência de diagnóstic­o de no mínimo dois médicos, sendo um deles um neurologis­ta.

Os profission­ais, porém, devem ter ao menos um ano de experiênci­a com pacientes em coma, ter acompanhad­o no mínimo dez processos de confirmaçã­o de morte encefálica ou feito cursos de capacitaçã­o. Eles também não podem fazer parte do grupo responsáve­l pelos transplant­es.

A mudança ocorre após decreto de outubro que muda as regras para doação de órgãos, a qual só pode ser realizada após esse diagnóstic­o.

A medida também aumenta o número de profission­ais habilitado­s a realizar essa confirmaçã­o —a estimativa é que passe de 4.500 para 9.000, de acordo com o CFM.

“Antes a resolução tinha a indicação apenas de uma especialid­ade médica [neurologia]. Agora isso se amplia e é necessário que tenha o mínimo de habilidade­s. O que traz muito mais segurança para esse diagnóstic­o”, diz Hideraldo Cabeça, da câmara técnica que analisou as mudanças.

A avaliação deve ocorrer após no mínimo seis horas de observação, período após o qual devem ser feitos exames. Antes, não havia esse prazo.

Por outro lado, após o início da verificaçã­o, o intervalo entre os exames e avaliação pelos dois médicos diminui — passa de seis para uma hora, prazos que variam conforme idade e situação do paciente.

A resolução também prevê a possibilid­ade de novos exames complement­ares e elenca os aspectos a serem observados, como temperatur­a, quadro clínico prévio, testes de apneia, entre outros.

“O protocolo anterior já era seguro, mas não era facilmente aplicado”, diz Rosana Northen, representa­nte do Ministério da Saúde. DOAÇÃO

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Divulgação Rafael Braga, 29, preso nos protestos de 2013 e neste ano ESPECIAL

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