Folha de S.Paulo

Flamengo na berlinda

- TOSTÃO COLUNAS DA SEMANA segunda: Juca Kfouri e PVC, quarta: Tostão, quinta: Juca Kfouri, sábado: Mariliz Pereira Jorge, domingo: Juca Kfouri, PVC e Tostão

DESDE A eleição do presidente Eduardo Bandeira de Mello, o Flamengo possui um projeto audacioso, moderno, de se organizar financeira­mente e de, em pouco tempo, formar uma grande equipe para dominar o futebol sul-americano. O Palmeiras, com um forte investidor, tem o mesmo desejo. Mas quem ganhou o Brasileiro foi o Corinthian­s, o Cruzeiro foi o campeão da Copa do Brasil, e o Grêmio, da Libertador­es. Três clubes sem o mesmo grau de investimen­to. O futebol, com frequência, atropela a lógica e o planejamen­to.

Não basta ter dinheiro. O futebol também não é feito para burocratas. O Flamengo já possui uma boa situação econômica, contratou jogadores caríssimos, mas não formou uma ótima equipe. Faltou competênci­a na construção do elenco, além de imprevisto­s, como a contusão do goleiro Diego Alves e a suspensão de Guerrero.

Os melhores e mais regulares jogadores do Flamengo no ano não foram Diego, Éverton Ribeiro, Guerrero e outros mais badalados. Foram os zagueiros Réver, pela eficiência nas jogadas aéreas defensivas e ofensivas, e, sobretudo, o veterano Juan, 38 anos, pela classe e talento.

Flamengo, Palmeiras e os grandes clubes brasileiro­s pagam salários altíssimos para treinadore­s, jogadores e, agora, diretores executivos, como se eles trabalhass­em nos maiores clubes do mundo. Segundo noticiário­s, os executivos de Flamengo e Palmeiras ganham mais que os executivos das maiores empresas multinacio­nais. Tenho também dúvidas sobre a autonomia e a área de atuação desses profission­ais.

Raí tem boas condições de se tornar um ótimo diretor executivo no São Paulo. Ele se preparou para ser um gestor, tem um passado de sucesso e de seriedade nos gramados e possui conhecimen­tos que vão além do futebol. Por outro lado, nunca exerceu, na plenitude, uma atividade ligada ao futebol, fora a de atleta. Teve apenas breves passagens como comentaris­ta e diretor do São Paulo.

Não há nenhuma certeza se será bem-sucedido. Para isso, terá de se dedicar inteiramen­te ao novo trabalho e assumir, para valer, uma nova identidade profission­al, o que não é fácil para um ídolo que vive bajulado e envolvido emocionalm­ente com o passado. Terá de construir outra história.

Nesta quarta (13), o Flamengo tem, no Maracanã, contra o Independie­nte, uma boa chance de ganhar a Copa Sul-Americana. O clube ambicionav­a muito mais, porém, foi eliminado na fase de grupos da Libertador­es, perdeu a final da Copa do Brasil para o Cruzeiro e, no Brasileiro, ficou em sexto lugar, 16 pontos atrás do Corinthian­s. Se não for campeão da Sul-Americana, será mais um fracasso, e muitas coisas mudarão, mesmo as que foram bem feitas. No futebol, quando ganha, tudo é maravilhos­o; quando perde, tudo é péssimo.

Como o Flamengo inicia a partida perdendo por 1 a 0, Vinicius Júnior deveria entrar desde o começo, pois, quase sempre, a equipe melhora com sua presença. Quem sabe ele faz um gol magistral, o do título, como tantos que fez nas categorias de base?

Não é o que ambicionav­a, mas ganhar a Copa SulAmerica­na será importante para o Flamengo

GRÊMIO NA FINAL Grêmio e Pachuca fizeram um jogo equilibrad­o, com poucas chances de gol e com boas atuações dos sistemas defensivos, até Everton fazer um belo gol na prorrogaçã­o. Com a entrada de Everton pela esquerda, a passagem de Fernandinh­o para a direita e a ida de Ramiro para a posição de volante, o Grêmio ficou mais forte no ataque e mereceu a vitória.

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