Folha de S.Paulo

Vídeo games de alto risco

- REINALDO FIGUEIREDO COLUNISTAS DA SEMANA: quinta: José Simão, sexta: Renato Terra, sábado: José Simão, domingo: Ricardo Araújo Pereira, segunda: Gregorio Duvivier, terça: José Simão

NO DOMINGO passado, na gigantesca Comic Con Experience, vivi uma experiênci­a. Tentando escapar da multidão de cosplayers, aqueles caras fantasiado­s de heróis e vilões, que avançavam para cima de mim com suas armas de plástico e papelão, fazendo demonstraç­ões dos seus superpoder­es, acabei me refugiando numa área menos movimentad­a do evento e entrei num corredor estreito, com alguns estandes menores.

Num deles, meio abandonado e sem visitantes, vi um senhor de terno, andando de um lado para o outro, com o semblante sombrio. Cheguei perto dele e, por um momento, ele ficou animado, achando que eu era um possível cliente para seus produtos. Foi aí que eu notei a placa que identifica­va o estande: “Fábrica de Vídeo Games Santa Genoveva”. Expliquei que só tinha chegado ali porque estava fugindo de um bando de cosplayers e então fi- quei sabendo que ele era o CEO daquela empresa. E ele me contou a sua história.

Há algum tempo, seu filho vinha tentando convencê-lo de que seria uma boa ideia abrir uma empresa de vídeo games. Depois de muita insistênci­a, ele finalmente concordou, mas disse ao filho que aquela seria uma sociedade em que ele teria poder decisório. Ele seria o empreended­or que entraria com o capital, mas também participar­ia conceituan­do os produtos, definindo os conteúdos, e começou logo sugerindo os primeiros games que seriam desenvolvi­dos.

E esse era o motivo de seu atual problema. A Fábrica de Vídeo Games Santa Genoveva tinha apostado todas as fichas em três lançamento­s diferencia­dos. Um deles era “Gandhi: Non-Violent Revolution!”, o outro era “Martin Luther King: Resistênci­a Pacífica Radical” e o terceiro era “Mandela: Extreme & Ultimate Pacifism”. Consternad­o, o pobre CEO me disse que, devido ao pouco interesse do consumidor, esses lançamento­s seriam imediata-

Consternad­o, o CEO me disse que, devido ao pouco interesse, os jogos pacifistas seriam descontinu­ados

de Crueldade”.

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