Folha de S.Paulo

Café com bobagem

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Michel Temer terminou a semana bem humorado. Na sexta-feira, ele fez piada ao comentar as pesquisas que mostram a irritação geral com seu governo. “Nossa popularida­de aumentou 100%, foi de 3% pra 6%!”, disse, aos risos. Não foi o momento mais cômico do café da manhã com jornalista­s.

Sem intenção de fazer graça, Temer atribuiu os números sofríveis à timidez do eleitor. “As pessoas têm vergonha de dizer, embora na verdade aprovem o governo”, pontificou. É mais fácil acreditar em Papai Noel do que na desculpa presidenci­al.

Em outro momento de humor involuntár­io, Temer garantiu que será um cabo eleitoral “substancio­so” em 2018. Na véspera, o ministro Henrique Meirelles fez discurso de candidato e passou quase dez minutos na TV sem citar o nome do chefe.

O presidente formulou mais frases curiosas, como “A questão da corrupção prejudicou muito o governo”. Se fosse uma opinião sincera, ele teria demitido os ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco, denunciado­s ao Supremo sob acusação de integrarem uma organizaçã­o criminosa.

Citando um publicitár­io amigo, Temer também disse que “popularida­de é uma jaula”. A declaração é duplamente falsa. Em primeiro lugar, porque nenhum político quer ser preso, mas todos tentam ser admirados.

Além disso, jaulas são ambientes inóspitos e cercados por grades de ferro. Se quiser saber como é a vida numa delas, Temer pode consultar velhos companheir­os, como Geddel Vieira Lima e Eduardo Cunha.

Rosinha Garotinho quer voltar à cadeia. Ela promete tirar carteirinh­a de visitante para rever ex-colegas de cela em Benfica. A única com quem não trocou palavra foi Adriana Ancelmo, mulher de Sérgio Cabral.

Na quinta-feira, a ex-governador­a recebeu o marido com um bilhete onde se lia: “Por onde for, quero ser seu par”. Os dois foram presos juntos, mas ela voltou para casa mais cedo.

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