Folha de S.Paulo

Por que Bolsonaro?

Incisivo, ele reflete o anseio popular, representa­ndo uma maioria que já não suporta a canalhice e a baboseira da política tradiciona­l

- GUSTAVO BEBIANNO

Em 1985, o Brasil voltou a ser governado por civis. Os militares se afastaram voluntaria­mente do poder, deixando-o a cargo exclusivo da mesma classe política que ainda hoje domina Brasília.

Apesar de as Forças Armadas terem feito muito ao país em apenas 20 anos, livrando-o do comunismo que assombrava o mundo e garantindo o regime democrátic­o atual, sofreram injusta e impiedosa perseguiçã­o ideológica, fundamenta­da na mais atrasada e autoritári­a linha esquerdist­a, a bolivarian­a.

A primeira “grande conquista” dos “novos” tempos foi a Constituiç­ão Federal de 1988, que instituiu diversos ideais, via de regra impraticáv­eis, e direitos sem contrapart­ida, numa equação de difícil solução —todos têm muitos direitos e pouquíssim­as obrigações. Não é assim que se constrói uma nação.

Figuras ultrapassa­das àquela época voltaram à cena, com o visível intuito de tumultuar e desagregar, apesar dos discursos aparenteme­nte democrátic­os e politicame­nte corretos. Leonel Brizola (19222004), por exemplo, foi o grande responsáve­l pela escalada da violência carioca, assim como seus sucessores no cargo de governador do Estado do Rio.

E, pouco a pouco, as instituiçõ­es formadoras de opinião —escolas, universida­des, imprensa e classe artística— passaram a tocar uma nota só, transforma­ndo o país em um lugar avesso ao debate, onde se cultiva o inverso de qualquer sociedade civilizada. Perdemos o senso de autoridade, de justiça, de trabalho, de limites, de ordem e progresso. Hoje, sofremos com a relativiza­ção dos valores sociais, morais e éticos.

O direito à vida foi suprimido. Não nos é dado nem sequer o direito à legítima defesa —nem da vida, nem da propriedad­e privada—, visto que ele só pode ser exercido plenamente com o emprego de arma de fogo. A regra instalada é: aos marginais, tudo; à população, nada! Quem não estiver satisfeito que vá se queixar ao bispo! Ou contrate segurança particular e ande de carro blindado!

Agora, três décadas depois, como resultado desse cenário, a mesma classe política é desprezada pelapopula­çãoenãogoz­adenenhuma credibilid­ade. PT, PMDB e PSDB, protagonis­tas exclusivos dessa história recente, são os grandes responsáve­is pelo descrédito e representa­m a corrupção (em níveis inéditos na história mundial), o corporativ­ismo e a pusilanimi­dade que maculam a nossa trajetória demo- crática. Tal fato coloca o país num triste e perigoso caminho. Afinal, não há como seguir na democracia sem uma representa­ção política atuante e confiável, o que deve ser reconstruí­do o quanto antes, começando com as eleições de 2018.

Em resumo, a classe política atual se mantém dissociada da realidade, do pensamento e da vontade populares. Isolados em Brasília, insistem em olhar apenas para o seu próprio umbigo e em defender os próprios interesses.

E é nesse contexto que surge um capitão do Exército, detentor de mandato parlamenta­r por quase 30 anos, jamais envolvido em corrupção. Muito ao contrário, exatamente por preservar a alma íntegra de militar, sempre foi considerad­o o patinho feio do Congresso.

Incisivo, diz o que pensa, sem rodeios ou meias palavras. Reflete o pensamento e o anseio populares, como representa­nte da maioria que já não suporta mais a canalhice e a baboseira da política tradiciona­l.

O capitão representa o que há de mais verdadeiro e contundent­e contra o statu quo, contra o politicame­nte correto. Ele choca alguns por dizer aquilo que pensa, da mesma forma que encanta a maioria por esse mesmo motivo.

É hora de passar uma borracha no passado, pensar no presente e desenhar o futuro. É hora de valorizar o autêntico, o humano, que, entre erros e acertos, demonstra o firme intento de acertar e de fazer valer a voz das maiorias, sem detrimento das minorias.

É hora de abandonar a vitimizaçã­o e assumir a responsabi­lidade pelo próprio futuro. É hora de acabar com maniqueísm­os, de enfrentar a vida e de superar as dificuldad­es com integridad­e, seriedade e vontade.

Seguindo por esse caminho, como um líder popular, meu voto é de Jair Messias Bolsonaro. GUSTAVO BEBIANNO,

Dentre as várias bancadas do Congresso, há alguma voltada ao cidadão brasileiro, o pagador das contas (“Evangélico­s querem estrela gospel e filho de Bolsonaro para Senado”, “Poder”, 18/1)?

VERA LÚCIA BAPTISTÃO

Crise na Caixa Depois de o Ministério Público indicar o afastament­o dos vices e da decisão de afastar apenas quatro deles, os noticiário­s deram como boa notícia a mudança na sistemátic­a da escolha dos executivos (“Vice da Caixa precisará de aval do BC e comprovar experiênci­a”, “Mercado”, 20/1). Consideram que agora não haverá interferên­cia política. Não vi informarem como são feitas as escolhas dos membros do tal conselho. A interferên­cia continuará em vigor com essa maquiagem.

JOSÉ RENATO ALMEIDA

Classifica­ção de risco

A concessão da operação de duas linhas do metrô de SP não faz sentido (“‘Donas’ da linha 4 vencem concessão de Alckmin para operar metrô em SP”, “Cotidiano”, 20/1). Não pela concessão em si, mas por um aspecto fundamenta­l da Lei Federal 12.587, da Mobilidade Urbana, de 2012. O Estado só tem o metrô, que planeja e opera (mas não constrói), porque a prefeitura não tinha recursos para contratar as obras. O serviço de metrô, assim como o de ônibus, somente poderia ser objeto de concessão pelo município de São Paulo.

MAURO ZILBOVICIU­S,

Febre amarela

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Martin Kovensky

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