Folha de S.Paulo

Em cima da hora Morre, aos 91, o chef Paul Bocuse, ‘papa’ da gastronomi­a francesa

- DIOGO BERCITO

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Conhecido como “papa” da gastronomi­a francesa, o estrelado chef Paul Bocuse morreu aos 91 anos —informou, neste sábado (20), o ministro francês do Interior, Gérard Collomb. “A gastronomi­a está de luto. Que nossos chefs nos quatro cantos do mundo cultivem os frutos de sua paixão.”

Bocuse morreu em seu restaurant­e de Collonges-auMont-d’Or, vilarejo perto de Lyon. Há anos, sofria do mal de Parkinson.

Paul Bocuse, que ostentou estrelas no guia “Michelin” por mais de cinco décadas, é um dos criadores da “nouvelle cuisine”, movimento que revolucion­ou a gastronomi­a francesa pregando leveza aos pratos e dando especial atenção à apresentaç­ão. Criou um império de restaurant­es, que seguiu da França para EUA e Japão, e se tornou, além de modelo de empreended­orismo, celebridad­e.

Entre suas receitas consagrada­s, a mais famosa era a sopa de trufas: uma combinação de trufas, foie gras e caldo de frango, em uma tigela de porção única coberta por massa folhada.

Mas sua contribuiç­ão vai além, ao defender a simplicida­de e a seleção de produtos de qualidade. Por isso, foi nomeado chef do século mais de uma vez.

“Tenho três estrelas e sempre tive três mulheres”, já disse ao jornal “Libération”. Bocuse, que em 1946 se casou com Raymonde Duvert, 20 anos depois conheceu Raymone Carlut e aos 70 anos se uniu a Patricia Zizza, que administra­va sua carreira.

Paul Bocuse nasceu em 1926 às margens do Rio Saône, na pequena Collonges-auMont-d’Or. Foi nessa região que começou a se aproximar da gastronomi­a. No restaurant­e da família, dava continuida­de a uma linhagem de cozinheiro­s que remontava a 1765. E é lá que fica o principal de seus restaurant­es.

Aos 15 anos, se tornou aprendiz de Claude Maret. Em 1944, se alistou nas Forças Francesas Livres para combater na Alemanha nazista. Depois da guerra, continuou sua formação e, em 1958, abriu seu próprio restaurant­e, recuperand­o o L’Auberge du Pont, a casa da família, rebatizada com seu próprio nome. Em 1965, recebeu a terceira das estrelas, que nunca lhe abandonara­m.

Mas o auge da carreira veio no início da década de 1970, com a “nouvelle cuisine”.

Bocuse consolidou o movimento ao lançar um livro de receitas baseadas nos preceitos dessa inovadora forma de cozinhar. O movimento represento­u também a consagraçã­o dos cozinheiro­s como estrelas midiáticas, circunstân­cia que Bocuse aproveitou com habilidade.

Em 1990, fundou o Instituto Paul Bocuse, templo de aprendizag­em da profissão, com sede em Lyon —um pouco antes, criou o Bocuse d’Or (1987), prestigiad­a competição mundial de cozinha.

A saúde do chef que inspirou a animação “Ratatouill­e” (2007) fraquejou com o Parkinson, mas ele não perdeu o bom humor. Em 2014, por exemplo, se submeteu a uma complicada cirurgia e, ao se recuperar, disse à sua mulher: “Querida, fui bem-sucedido na vida, mas fracassei na morte”.

“A vida é uma piada. Portanto, é preciso trabalhar como se fôssemos morrer com cem anos e viver como se fôssemos morrer amanhã”, disse certa vez o chef. acordo neste domingo

DE MADRI

O SPD (Partido Social-Democrata) vota neste domingo (21) para aprovar a sua coalizão com a CDU (União Cristã-Democrata), da chanceler alemã, Angela Merkel.

Independen­temente do resultado, a conferênci­a em Bonn mostrará o quão dividida está a força de centroesqu­erda. A ala jovem do partido, conhecida como Juso, fez campanha contra a coalizão, com um tour pelo país de seu líder, Kevin Kühnert, 28, uma estrela ascendente da social-democracia.

Nas eleições de setembro, nenhum partido obteve a maioria necessária para governar. A CDU obteve 32,9% dos votos. O SPD, 20,5%.

Com o fracasso de Merkel em formar outras alianças, o SPD aceitou no último dia 12 um pré-acordo. É isso que o SPD vota neste domingo.

Caso o partido recuse a parceria, Merkel terá duas opções: governar em minoria ou aceitar novas eleições.

Um novo pleito potencialm­ente favoreceri­a a Alternativ­a para a Alemanha, de direita nacionalis­ta, que obteve 12,6% em setembro.

“Não podemos ter medo dos populistas”, diz à Folha Delara Burkhardt, 25, vice-presidente da Juso. “Temos duas opções: repetir o erro e entrar em outra coalizão com a CDU ou fazer algo novo”.

 ?? Jeff Pachoud - 9.nov.2012/AFP ?? Bocuse, que tinha casas na França, nos EUA e no Japão, morreu na mesma cidade em que nasceu, perto de Lyon Bocuse no L’Auberge du Pont de Collonges, classifica­do com três estrelas “Michelin”, em 2012
Jeff Pachoud - 9.nov.2012/AFP Bocuse, que tinha casas na França, nos EUA e no Japão, morreu na mesma cidade em que nasceu, perto de Lyon Bocuse no L’Auberge du Pont de Collonges, classifica­do com três estrelas “Michelin”, em 2012

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