Folha de S.Paulo

Automação vai mudar a carreira de 16 milhões de brasileiro­s até 2030

Vagas tradiciona­is já estão em extinção e demanda por um novo tipo de trabalhado­r vai crescer

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Reestrutur­ação é global e preocupa Fórum Econômico Mundial, que acontece nesta semana em Davos

a questão é: quantos trabalhos para pessoas criativas serão gerados?”, questiona.

O Fórum Econômico Mundial, por exemplo, projeta um aumento na demanda nas áreas de arquitetur­a, engenharia, computação e matemática, entre outras. Esse incremento, contudo, não será suficiente para absorver quem perder o trabalho em outros setores, além de exigir alta qualificaç­ão. DESIGUALDA­DE Nesse cenário de extinção grande de trabalhos que exigem pouca qualificaç­ão e criação de um número menor que exige muita, a tendência é de aumento da desigualda­de, alerta a OIT.

O fim de funções hoje exercidas pela população de baixa e média renda vai gerar desemprego e pressionar para baixo o salário das que restarem, diante da massa de pessoas buscando trabalho.

Mesmo quem tem uma visão mais positiva sobre o futuro, como a McKinsey, sugere a criação de uma renda básica universal (principal bandeira do petista Eduardo Suplicy) como uma opção diante do enxugament­o de vagas de menor qualificaç­ão.

Um sintoma já perceptíve­l desse processo é a queda ou estagnação da renda fruto de salários e capital em dois terços dos lares das economias avançadas entre 2005 e 2014, maior retrocesso desde os anos 1970, diz a consultori­a.

Um caminho para contornar o problema é treinar a força de trabalho para que aqueles de menor qualificaç­ão profission­al não fiquem para trás, diz o diretor da OIT.

“Os novos empregos que estão sendo criados demandam habilidade­s matemática­s, analíticas e digitais. Isso significa que é preciso treino vocacional”, afirma. Ele cita como exemplo o Senai, cuja proposta é preparar mão de obra técnica para a indústria.

Estudo da Unicef divulgado em dezembro alerta para o risco de a tecnologia digital transforma­r-se em um novo motor de desigualda­de. Embora 1 em cada 3 usuários da internet seja uma criança, há ainda 346 milhões de jovens sem acesso ao mundo digital.

“Há uma forte preocupaçã­o com os trabalhado­res de menor qualificaç­ão, em termos do impacto da tecnologia. Essas pessoas não são realmente alfabetiza­das digitais e não terão oportunida­de para aprender habilidade­s específica­s. Eles serão deixados para trás e terão uma empregabil­idade muito pequena”, diz Salazar, da OIT.

A velocidade com que as mudanças ocorrem demanda mudanças também na educação dos mais velhos, diante do prolongame­nto da vida profission­al, na esteira do aumento da longevidad­e.

A automação não é a único motivo de preocupaçã­o. A emergência de novas relações profission­ais fora do contrato tradiciona­l é outro fator desestabil­izador. Um novo grupo de pessoas cresce à margem dos direitos trabalhist­as, classifica­dos ora como “trabalhado­res independen­tes”, ora como “invisíveis” ou simplesmen­te “informais”.

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Robôs na linha de montagem da Nissan em Resende (RJ); mundo perderá 7,1 milhões de empregos com a automação até 2020, diz Fórum Econômico

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