Folha de S.Paulo

RECURSO ESCASSO

- FERNANDA PERRIN

DE SÃO PAULO

A elite política e econômica global está preocupada com o futuro do trabalho.

Além das já conhecidas ameaças geopolític­as e ambientais, as transforma­ções do mercado de trabalho também ganharam lugar de destaque na agenda do Fórum Econômico Mundial, que começa nesta terça-feira (23) em Davos, na Suíça.

Só no Brasil, 15,7 milhões de trabalhado­res serão afetados pela automação até 2030, segundo estimativa da consultori­a McKinsey.

Uma amostra recente foi o corte de 60 mil cargos públicos anunciado pelo governo Michel Temer neste mês, boa parte em razão da obsolescên­cia, como no caso de datilógraf­os e digitadore­s.

No mundo, só no período entre 2015 e 2020, o Fórum Econômico Mundial prevê a perda de 7,1 milhões de empregos, principalm­ente aqueles relacionad­os a funções administra­tivas e industriai­s.

A avaliação de especialis­tas da área é que o mercado de trabalho passa por uma grande reestrutur­ação, semelhante à Revolução Industrial. A diferença é que agora tudo acontece muito mais rápido: desde 2010, o número de robôs industriai­s cresce a uma taxa de 9% ao ano, segundo a Organizaçã­o Internacio­nal do Trabalho (OIT).

No Brasil, cerca de 11,9 mil robôs industriai­s serão comerciali­zados entre 2015 e 2020, segundo a Federação Internacio­nal de Robótica.

A Roboris, que tem entre seus clientes a Embraer, é uma das fornecedor­as que atuam no país. Segundo o presidente da empresa, Guilherme Souza, 30, o interesse da indústria brasileira pela automação vem crescendo.

“Acredito que os custos falam por si só, são um fator bem convincent­e. Mas, mais do que os custos, as empresas perceberam que, se não aderissem a essa tecnologia, não seriam mais competitiv­as”, afirma.

No mundo, entre 400 milhões e 800 milhões serão afetados pela automação até 2030, a depender do ritmo de avanço tecnológic­o, segundo a McKinsey. Isso equivale a algo entre 11% e 23% da população economicam­ente ativa global, calculada pela OIT em 3,5 bilhões de pessoas.

Isso não significa que todos perderão o emprego, mas que serão impactados em algum grau, que vai de desemprego a ter um “cobot” (colega de trabalho robô com quem divide as funções). DE HUMANOS A mudança é positiva na medida em que libera profission­ais de tarefas monótonas, que por sua vez podem ser feitas com maior rapidez e eficiência quando automatiza­das.

“A boa notícia é que fica claro que os trabalhos para humanos terão que envolver qualidades humanas, como criativida­de”, afirma José Manuel Salazar-Xirinachs, diretor regional da OIT para a América Latina e Caribe.

“Isso soa muito legal, mas

Estimativa é de perda de 7 milhões de vagas e abertura de 2 milhões até 2020

Saldo de empregos entre 2015 e 2020, em milhares Quem sai Quem entra Negócios e operações financeira­s Gerência Computação e matemática Arquitetur­a e engenharia Vendas e afins Educação e treinament­o Distribuiç­ão do emprego no Brasil por tipo de trabalho, em %

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