Flexibilidade ameaça topo da pirâmide
Na avaliação da OIT, o maior desafio agora não é proteger o emprego em si, mas assegurar direitos trabalhistas
Redução de empregos de maior qualidade e renda resultará em piora da polarização social, diz sociólogo
Embora a automação seja um tópico pop, ela não é a principal tendência moldando o mercado de trabalho atualmente, segundo pesquisa feita pelo Fórum Econômico Mundial com diretores das áreas de recursos humanos em empresas de 15 países.
Para 44% dos entrevistados, o maior impacto no mercado hoje vem das mudanças no ambiente de trabalho, como “home office”, e nos arranjos flexíveis, como contratação de pessoas físicas para trabalhar por projeto (a chamada “pejotização”). O percentual é semelhante entre os brasileiros (42%).
Outra forma emergente de trabalho são os relacionados à “gig economy”, como plataformas on-line e aplicativos —programadores freelance e motoristas de Uber entram nessa categoria.
A tendência é que as empresas reduzam ao máximo o número de empregados fixos dentro do contrato tradicional, terceirizando para consultores o que for possível como forma de redução do Precariado” (2012), as novas formas de trabalho que surgem mascaram o avanço do velho subemprego.
Para ele, a reforma trabalhista, ao formalizar atividades de tempo parcial ou de curta duração, oficializa essa desestruturação do mercado.
“Do ponto de vista microeconômico, é bastante racional que você elimine cargos intermediários. Mas, do ponto de vista social, a coisa se complica, porque você vai ter menos empregos de qualidade e de maior renda. Consequentemente, uma sociedade mais polarizada, o que significa mais desigual e com dificuldades de se integrar”, avalia. (FERNANDA PERRIN)