Folha de S.Paulo

Vices afastados dizem que presidente atendia a interesses do PP

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DE BRASÍLIA

Investigaç­ão encomendad­a pela Caixa a escritório­s externos indica que o presidente do banco, Gilberto Occhi, usava o cargo para atender interesses de políticos de seu partido, o PP, e de outras siglas.

Os próprios dirigentes recém-afastados da instituiçã­o relataram, em seus depoimento­s, interferên­cias do executivo na gestão, com o propósito de favorecer integrante­s de sua legenda, e alegavam que era necessário “tomar cuidado” com ele.

O então vice Corporativ­o, Antônio Carlos Ferreira, um dos quatro afastados, relatou que Occhi pediu em 2017 que ele recebesse o deputado Toninho Pinheiro (PP-MG) para tratar de operação da rede de supermerca­dos mineira Epa. A empresa pleiteava empréstimo da Caixa. À Folha Pinheiro afirmou que conseguiu ser recebido no banco e, depois do encontro, o dinheiro saiu.

Ferreira disse que o presidente da Caixa tem relação estreita com o presidente nacional do PP, Ciro Nogueira (PI), e o deputado Aguinaldo Ribeiro (PB). “Occhi possui uma atuação nefrálgica com os deputados do PP, e os vices precisam tomar cuidado com isso”, declarou.

Deusdina dos Reis Pereira, que chefiava a área de Fundos de Governo e Loterias, reclamou que Occhi foi ao expresiden­te do PR Valdemar Costa Neto, condenado no mensalão, pedir a vaga dela para dar a um indicado seu.

O presidente da Caixa também teria negociado com Valdemar e com o atual ministro dos Transporte­s, Maurício Quintella Lessa (PR-AL), a indicação do então superinten­dente na Caixa Giovanni Alves para a Vice-Presidênci­a Corporativ­a. O servidor, no entanto, foi afastado da função após surgirem suspeitas de envolvimen­to em corrupção e de vazamento de informaçõe­s sigilosas. Ele nega.

Alves trabalhava no banco como subordinad­o do ex-ministro e ex-vice presidente de Pessoa Jurídica Geddel Vieira Lima (MDB-BA), atualmente preso. No computador dele, foi encontrada planilha que vinculava transações do banco a padrinhos políticos.

A apuração independen­te foi encomendad­a pela Caixa ao escritório de advocacia Pinheiro Neto, com auxílio da empresa de investigaç­ão privada Kroll e da auditoria PwC, após a Polícia Federal e o Ministério Público Federal descobrire­m esquemas de cobrança de propina. OUTRO LADO Procurado, Occhi informou que não se manifestar­ia. O deputado Toninho Pinheiro disse que o valor obtido foi menor que o pleiteado e que não houve nada de irregular. O Epa negou ter acionado o congressis­ta. Valdemar Costa Neto não comentou. (FF E JW)

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Ueslei Marcelino - 21.nov.17/Reuters O presidente da Caixa, Gilberto Occhi, que é do PP

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