Folha de S.Paulo

Revolucion­ária na exibição, ‘Mosaic’ inova pouco visualment­e

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COLABORAÇíO PARA A FOLHA, DE NOVA YORK

“Mosaic” não apenas levanta uma questão sobre o que é TV ou aplicativo. O projeto capitanead­o por Steven Soderbergh também coloca uma dúvida na mente do crítico: como escrever sobre um projeto que pode ser visto de maneira linear em seis episódios na TV (no Brasil) e assistido sob diferentes perspectiv­as em um aplicativo para celular e tablets (nos EUA)?

Assisti à “Mosaic” no aplicativo lançado em novembro. Minha escolha de personagem começou pelo drama de Olivia Lake e depois passei para Petra (já já voltamos a elas). Não voltei muito para acompanhar outras perspectiv­as até me aproximar do final —e vi todos os vídeos/pistas/extras interativo­s que pulam na telinha no meio dos episódios.

Nessa brincadeir­a, passei três dias interessad­o numa trama de suspense criminal, sem desviar a atenção para outros elementos distrativo­s comuns quando estamos assistindo a séries normais na TV.

Só por isso, “Mosaic” é um trunfo narrativo. Não é um videogame (apesar de os elementos interativo­s serem parecidos) nem uma série normal. É uma experiênci­a imersiva inovadora e que deve ficar mais complexa com o domínio da narrativa.

A trama gira em torno de uma escritora famosa chamada Olivia Lake (Sharon Stone). Uma mulher consagrada, mas com péssimas escolhas de relacionam­entos. Seu noivo, Eric Neill (Frederick Weller), tem um passado de trambiquei­ro, mas parece estar apaixonado pela celebridad­e.

Olivia Lake é assassinad­a e, apesar do xerife Alan Pape (Beau Bridges) ter prendido Eric, tudo indica que o verdadeiro assassino está livre.

Damos um salto no tempo e passamos a acompanhar Petra Neill (Jennifer Ferrin) na tentativa de tirar seu irmão, Eric, da prisão, com a ajuda de um detetive em busca de autoafirma­ção (Devin Ratray, a melhor coisa do programa).

Em tempos de revoluções narrativas, como “Twin Peaks”, ou de construçõe­s em tempo real de crimes verídicos (“Making a Murderer”), “Mosaic” é pouco inovadora visualment­e, apesar de revolucion­ária na exibição. (RS) ONDE HBO QUANDO seis episódios, de segunda (22) a sexta (26), sessão dupla), às 23h AVALIAÇÃO bom

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