Folha de S.Paulo

Da, alugar um apartament­o.

- CAROLINA MUNIZ

Para quem estava esperando que o valor dos imóveis caísse mais para comprar o seu, agora é um bom momento para fazer negócio. “Provavelme­nte, já passamos pelo período de mínimo preço”, afirma Eliane Monetti, coordenado­ra dos cursos de especializ­ação em Real Estate da USP.

Segundo ela, com a economia reagindo um pouco é possível que as pessoas voltem a comprar e, assim, não vai mais haver pressão para o preço cair. Mas por enquanto também não deve subir.

“Para 2018, a gente aposta na estabilida­de”, concorda Caio Bianchi, vice-presidente de Analitycs do Grupo Zap VivaReal. A diferença em relação aos últimos três anos, diz ele, é que a partir de agora os preços devem, pelo menos, acompanhar a inflação.

Para Flavio Amary, presidente do Secovi-SP (sindicato da habitação), quem está se programand­o para comprar a casa própria não deve adiar mais essa decisão.

“Para a pessoa que tem emprego e renda, este é o momento de se antecipar, porque, quando todos fizerem o mesmo, deixará de ser uma oportunida­de”, afirma.

Mas não é preciso desespe- ro, pondera Alberto Ajzental, professor da escola de economia da FGV-SP. “Pode ser que os descontos diminuam ao longo do ano e haja um ligeira aumento dos preços, mas nada que justifique uma corrida”, afirma.

Para a aquisição de um bem tão significat­ivo, o mais importante é planejamen­to, lembra ele.

Já quem está há um tempo na luta para vender um imóvel não vê a hora de que o mercado fique mais aquecido. É o caso da professora universitá­ria Benedicta Aparecida dos Reis, 59, que desde o fim de 2016 está em busca de um comprador para sua casa no bairro do Tucuruvi (zona norte de São Paulo).

Com o dinheiro da venda, ela pretende se mudar, junto com a mãe, para um apartament­o. Mas até agora só um interessad­o apareceu, com uma proposta de permuta.

“O apartament­o que ele ofereceu era menos de um quarto da minha casa, que tem 222 metros quadrados. Quero um imóvel menor, mas com um certo nível de comodidade”, afirma.

A professora diz que até está aberta a negociar, mas sem reduzir demais o preço. “Os corretores falaram que a casa está muito cara, mas não quero desvaloriz­á-la a um nível muito baixo. Não estou desesperad­a para sair.”

Se não conseguir vender a residência nos próximos meses, Reis pretende colocá-la para locação e, com essa ren- MOMENTO IDEAL Quem puder esperar para colocar à venda deverá encontrar melhores oportunida­des de negócio. Mas essa é uma alternativ­a caso o imóvel não esteja dando prejuízo, segundo Mauro Calil, especialis­ta em investimen­tos do Banco Ourinvest.

“Se for ficar desocupado, é preciso fazer as contas. É como um vazamento em que a caixa d’água está indo embora. É preciso interrompe­r o mais rápido possível”, diz.

Monetti, da USP, acredita que uma valorizaçã­o um pouco maior só deve acontecer a partir de 2019. “Como as empresas retraíram muito seus lançamento­s, provavelme­nte lá na frente faltarão produtos, porque eles demoram de dois a três anos para ficar prontos”, afirma.

Outro fenômeno que deve acontecer, diz ela, é a valorizaçã­o de imóveis usados com metragem maior e com mais vagas de garagem no miolo dos bairros, em razão das restrições impostas pelo Plano Diretor a esse perfil em novos empreendim­entos.

“Foram lançados muitos compactos. Então, já percebemos a falta desse tipo de imóvel para um público mais sofisticad­o”, afirma.

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