CRÍTICA ‘Pela Janela’ faz política ao captar o desarranjo
Direção sólida de Caroline Leone e atuação de Magali Biff enobrecem drama sobre operária demitida aos 65 anos
FOLHA
Certos filmes pretendem fazer política por meio da afirmação de discursos e da encenação de situações exemplares.
Outros tornam-se políticos graças ao modo como captam o desarranjo, o sentimento de instabilidade que acompanha nosso presente.
“Pela Janela”, primeiro longa-metragem de Caroline Leone, parece ser, na superfície, um registro do cotidiano de uma mulher de meiaidade, um retrato feito da observação de momentos dominados pela regularidade e pelo controle.
É essa atenção ao imperceptível, contudo, que permite registrar o impacto da crise, quando a personagem vê se romper o fio que dava sentido à sua existência.
Da primeira à última cena, a câmera de Leone apega-se à figura de Rosália, operária de 65 anos que vive com o irmão, José, na periferia de São Paulo.
Sua postura no ambiente de trabalho tanto quanto em casa indica um modo de viver sem horizontes.
A restrição dos espaços e a decisão de usar planos fechados reiteram a limitação que cerca a personagem.
Ao ser demitida do emprego no qual estava havia décadas, Rosália reage atônita.
A solidez da direção de Leone aparece nesse momento dramático, que é também um ponto de suspensão na estrutura do filme. bom muito bom ótimo
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